O sim contra o sim (Joan Miró, Piet Mondrian)


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
João Cabral de Melo Neto »»
 
Serial (1961) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


O sim contra o sim
(Joan Miró, Piet Mondrian)
Il sì contro il sì
(Joan Miró, Piet Mondrian)


Miró sentia a mão direita
demasiado sábia
e que de saber tanto
já não podia inventar nada.

Quis então que desaprendesse
o muito que aprendera,
a fim de reencontrar
a linha ainda fresca da esquerda.

Pois que ela não pôde, ele pôs-se
a desenhar com esta
até que, se operando,
no braço direito ele a enxerta.

A esquerda (se não se é canhoto)
é mão sem habilidade:
reaprende a cada linha,
cada instante, a recomeçar-se.

Mondrian, também, da mão direita
andava desgostado;
não por ser ela sábia:
porque, sendo sábia, era fácil.

Assim, não a trocou de braço:
queria-a mais honesta
e por isso enxertou
outras mais sábias dentro dela.

Fez-se enxertar réguas, esquadros
e outros utensílios
para obrigar a mão
a abandonar todo improviso.

Assim foi que ele, à mão direita,
impôs tal disciplina:
fazer o que sabia
como se o aprendesse ainda.
Miró sentiva la mano destra
troppo sapiente
e, sapendo già tanto,
ormai non poteva più inventare nulla.

Volle perciò che disimparasse
il molto che aveva appreso,
in modo che ritrovasse
la linea ancora fresca della sinistra.

Poiché non ci riusciva, egli si mise
a disegnare con questa
finché, operandosi,
se la trapiantò sul braccio destro.

La sinistra (se non si è mancini)
è una mano senza competenza:
riapprende ad ogni linea,
in ogni istante, a rinnovarsi.

Mondrian, anch’egli della mano destra
era scontento;
non perché fosse sapiente:
ma perché, essendo sapiente, era facilitata.

Così, non la trasferì di braccio:
la desiderava più rigorosa
e perciò ne trapiantò
altre più sapienti dentro di lei.

Si fece trapiantare righelli, squadre
e altri strumenti
per costringere la mano
a rinunciare ad ogni improvvisazione.

Fu così che egli, alla mano destra,
impose questa disciplina:
fare quel che sapeva
come se ancora l’imparasse.
________________

Joan Miró
Estate (1938)
Piet Mondrian
Composizione (1920)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (105) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (434) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (14) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)