O sim contra o sim (Cesário Verde, Augusto dos Anjos)


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O sim contra o sim
(Cesário Verde, Augusto dos Anjos)
Il sì contro il sì
(Cesário Verde, Augusto dos Anjos)


A Felix de Athayde

Cesário Verde usava a tinta
de forma singular:
não para colorir,
apesar da cor que nele há.

Talvez que nem usasse tinta,
somente água clara,
aquela água de vidro
que se vê percorrer a Arcádia.

Certo, não escrevia com ela,
ou escrevia lavando:
relavava, enxaguava
seu mundo em sábado de banho.

Assim chegou aos tons opostos
das maçãs que contou:
rubras dentro da cesta
de quem no rosto as tem sem cor.

Augusto dos Anjos não tinha
dessa tinta água clara.
Se água, do Paraíba
nordestino, que ignora a Fábula.

Tais águas não são lavadeiras,
deixam tudo encardido:
o vermelho das chitas
ou o reluzente dos estilos.

E quando usadas como tinta
escrevem negro tudo:
dão um mundo velado
por véus de lama, véus de luto.

Donde decerto o timbre fúnebre,
dureza da pisada,
geometria de enterro
de sua poesia enfileirada.
A Felix de Athayde

Cesário Verde l’inchiostro usava
in modo singolare:
non per colorire,
ad onta del colore che adoperava.

Forse neppure usava l’inchiostro,
solamente acqua chiara,
quell’acqua vitrea
che si vede scorrere in Arcadia.

Certo, non scriveva con quella,
oppure scriveva lavando:
rilavava, sciacquava il suo mondo
come per il bagno del sabato.

Raggiunse così i toni opposti
dei pomi che descrisse:
rossi dentro la cesta
di chi sul viso li aveva incolori.

Augusto dos Anjos non aveva
quest’inchiostro d’acqua chiara.
Semmai era acqua del Paraíba
nordestino, che ignora la Favola.

Queste acque non sanno lavare,
lasciano tutto lercio:
il rosso dei chintz
o la lucentezza dei costumi.

E se sono usate come inchiostro
scrivono tutto nero:
danno un mondo velato
da veli di fango, veli di lutto.

Da cui, di certo, il timbro funebre,
l’asprezza dell’impronta,
la geometria da funerale
della sua poesia ben allineata.
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Cesário Verde (caricatura)
Augusto dos Anjos (fotomontaggio)
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