Filmitalus


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Filmitalus
Filmitalus


1
Quando se apagavam as luzes no Sonoro Cine
e no ecrã aparecia a palavra Filmitalus
a tremer como se estivesse à superfície
dum líquido sobre o qual fossem pingando
finas gotas de som (de cítara, parecia),

nós, que com quinze anos tínhamos entrado
(porque o polícia compincha fechou os olhos)
para um filme para maiores de dezoito,
já sabíamos que o filme que aí vinha
era dos 'tais' – quero dizer, dos que mostravam
beijos que escaldam, alguma coisa
das coxas de uma mulher, alguma coisa
duma cena de alcova,

não demasiado, mas o suficiente
para mais tarde, já entre lençóis,
ajustarmos contas com a actriz, mediante
os manejos solitários do costume –
aquilo a que, por riso e não por pudor,
dávamos o pitoresco nome de gaiola.

2
E isto no tempo em que Deus não era mais
que uma desajeitada
distorção de si mesmo e, pela severa
boca dos seus vigários, proibia
masturbações e manobras afins –

– o que, uma vez apaziguadas as hormonas,
nos trazia ressacas contritas, arrependimentos,
juras de que aquela tinha sido a última vez.

Mas agora pergunto eu:
se nos queria castos, arredados do corpo,
porque permitia Deus que se fizessem filmes assim
e houvesse mulheres como Anna Magnani
– que nos abrasavam e tão facilmente
forçavam as muralhas da nossa castidade?
1
Quando si spegnevano le luci al Sonoro Cine
e sullo schermo appariva la parola Filmitalus
tremolante come se si trovasse sulla superficie
di un liquido sul quale stessero gocciolando
fini stille di suono (di cetra, sembrava),

noi, che a quindici anni eravamo entrati
(perché l’amico gendarme aveva chiuso un occhio)
per vedere un film vietato ai minori di diciotto,
già sapevamo che il film che davano lì
era di “quelli là” – voglio dire, quelli che mostravano
baci che eccitavano, qualcosa
delle cosce di una donna, qualcosa
d’una scena di letto,

non troppo, ma il sufficiente
perché più tardi, già fra le lenzuola,
aggiustassimo i conti con l’attrice, mediante
i consueti maneggi solitari –
quello a cui, per ridere e non per pudore,
davamo il pittoresco nome di pippa.

2
E questo ai tempi in cui Dio non era
altro che una grossolana
distorsione di se stesso e, tramite la severa
bocca dei suoi vicari, proibiva
masturbazioni e manovre affini –

– il che, una volta acquietati gli ormoni,
ci procurava contriti malesseri, pentimenti,
giuramenti che sarebbe stata l’ultima volta.

Ma ora io mi domando:
se ci voleva casti, distaccati dal corpo,
perché Dio permetteva che si facessero film così
e ci fossero donne come Anna Magnani
– che ci infervoravano e tanto facilmente
forzavano i baluardi della nostra castità?
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La Rosa Tatuata
Locandina del film (1955)
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