________________
|
Vinha morta
|
Vigna morta
|
Aqui foi uma vinha.
Comi das suas uvas e bebi do vinho que essas uvas deram e temperei saladas com o vinagre em que esse vinho se tornou. Por isso – ainda que hoje as cepas tortuosas, privadas de todo o verde, que esbracejam como tendo naufragado no pérfido mar ocre pálido do voraz capim do Outono, lembrem mais que nunca ossadas negras que o tempo profanou e retorceu – de algum modo a vinha está morta e não está: perdura viva em mim. Isto, bem entendido, enquanto eu próprio for algo em que algo possa perdurar. Depois disso, perdurará naquilo em que eu mesmo perdure. E a partir daqui perde-se a conta. |
Qui c’era una vigna.
Ne ho mangiato l’uva e bevuto il vino che queste uve han dato e ho condito insalate con l’aceto in cui questo vino s’è trasformato. Perciò – seppure oggi i tronchi contorti, privati di tutto il verde, che si sbracciano come se naufragassero nel perfido mare ocra pallido delle voraci erbe d’autunno, ricordino più che mai degli scheletri neri che il tempo ha profanato e ritorto – in qualche maniera la vigna è morta e non lo è: continua viva in me. Questo, ben inteso, finché io stesso sarò un qualcosa in cui qualcosa possa continuare. E dopo questo, continuerà in quello in cui io stesso continuerò. E a partire da qui si perde il conto. |
________________
|
Louisa Cock Vigna sotto la neve (2011) |
Nessun commento:
Posta un commento