________________
|
Perguntas
|
Domande
|
Tenho sempre, na algibeira da noite,
algumas vigorosas perguntas de reserva, prontas a disparar em legítima defesa contra o negrume. Algumas são pequeninas, vulgares aspectos de pormenor. Outras, pelo contrário, são enormes, desabridas como a boca dum forno – do género porque é que deste quatro, e não seis, ou oito, pernas à rã. Hoje ocorre-me fazer a menor de todas: se foste tu que fabricaste o tempo e a ele nos acorrentaste? e com que barro? e com que raio de segunda intenção? Se é que não foi apenas por descuido. Ou até casualmente, como acontece às vezes ao cientista que faz experiências e acaba por descobrir seja o que for. |
Tengo sempre, nella mia trousse da notte,
alcune vigorose domande di riserva, pronte a lanciarsi per legittima difesa contro l’oscurità. Certe sono piccoline, puri dettagli marginali. Altre, al contrario, sono enormi, ardenti come la bocca d’un forno – del genere: perché hai dato quattro, e non sei o otto, zampe alla rana. Oggi mi preme fare la più semplice di tutte: se sei stato tu a fabbricare il tempo e ad incatenarci ad esso? e con che argilla? e con che intento come seconda opzione? A meno che non sia successo per sbaglio. O addirittura per caso, come capita a volte allo scienziato che facendo degli esperimenti finisce per scoprire una cosa qualsiasi. |
________________
|
Ercole de' Roberti San Girolamo nel deserto (1474) |
Nessun commento:
Posta un commento