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Poema à boca fechada
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Poesia a bocca chiusa
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Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça. Calado estou, calado ficarei, Pois que a língua que falo é de outra raça. Palavras consumidas se acumulam, Se represam, cisterna de águas mortas, Ácidas mágoas em limos transformadas, Vaza de fundo em que há raízes tortas. Não direi: Que nem sequer o esforço de as dizer merecem, Palavras que não digam quanto sei Neste retiro em que me não conhecem. Nem só lodos se arrastam, nem só lamas, Nem só animais bóiam, mortos, medos, Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam No negro poço de onde sobem dedos. Só direi, Crispadamente recolhido e mudo, Que quem se cala quanto me calei Não poderá morrer sem dizer tudo. |
Non dirò:
Che il silenzio mi opprime e mi censura. Io resto zitto e zitto rimarrò, Poiché la lingua ch’io parlo è d’altra natura. Parole consunte s’accumulano, Languiscono, cisterna d’acque morte, Aspre angosce tramutate in melma, Limo sul fondo tra radici contorte. Non dirò: Che neppur meritano lo sforzo di essere dette, Parole incapaci di dire quel che so In questo ricetto dove non mi conoscono. Non solo fango, non melma si trascinano, Non solo animali, morti e paure riaffiorano, Turgidi frutti in grappoli s’annodano Nel lurido pozzo da cui dita emergono. Dirò soltanto, Burberamente appartato e muto, Che chi sa tacere quanto io ho taciuto Morire non potrà senza dir tutto. |
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Sylvie Loeb Arbre - 6 (2010) |
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