Os sapos


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Os sapos
Le rane


Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”

Urra o sapo-boi:
— “Meu pai foi rei” — “Foi!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
— “A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo.”

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
— “Sei!” — “Não sabe!” — “Sabe!”.

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...

Gonfiandosi per bene,
Escono dal cespuglio,
A saltelli, le rane.
E la luce le abbaglia.

Con urlo che attanaglia,
Raglia la rana toro:
— “Mio padre andò in battaglia!”
— “Falso!” — “Vero!” — “Non vero!”.

La rana-carpentiere,
Parnasiana annacquata,
Dice: — “Il mio canzoniere
È assai ben martellato.

Guarda come primeggio
Nel mangiarmi gli iati!
Che arte! E mai verseggio
Con lemmi apparentati.

Il mio verso è eccellente
Frumento senza loglio.
M’appoggio a una consonante
Per far la rima che voglio.

Sono ormai cinquant’anni
Che ho fissato la norma:
Ridurre senza danni
Alle sue forme la forma.

Protestan le ranocchie
Con critiche scettiche:
Non c’è più poesia,
Solo arti poetiche…”

Urla la rana toro:
— “Mio padre era un re” — “Davvero!”
— “Falso!” — “Vero!” — “Non vero!”.

Infuriata interviene
La rana-carpentiere:
— “La grande arte è come
Maestria di gioielliere.

Oppur di statuario.
Tutto quanto è bello,
Tutto quanto è vario,
Canta sotto il martello.”

Poi, rane-botticella
(A stento racchiuse in sé),
Parlan con le budella:
— “Lo so!” — “Non sai!” — “Macché!”.

Lungi da queste grida,
Là dove più densa
La notte infinita
Espande l’ombra immensa;

Là, in fuga dal mondo,
Senza gloria né fede,
Nell’abisso profondo
E solitario, siede

Di che piangi tu,
Di freddo tremante,
Rana-cururu
Sul bordo del torrente...

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Settimana dell'Arte Moderna
Catalogo dell'Esposizione (São Paulo, 1922)
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