Quando perderes o gosto humilde da tristeza...


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Quando perderes o gosto humilde da tristeza...
Quando perderai l'umile gusto della tristezza...


Quando perderes o gosto humilde da tristeza,

Quando, nas horas melancólicas do dia,
Não ouvires mais os lábios da sombra
Murmurarem ao teu ouvido
As palavras de voluptuosa beleza
Ou de casta sabedoria;

Quando a tua tristeza não for mais que amargura,

Quando perderes todo estímulo e toda crença.
- A fé no bem e na virtude,
A confiança nos teus amigos e na tua amante,
Quando o próprio dia se te mudar em noite escura
Da desconsolação e malquerença;

Quando, na agonia de tudo o que passa

Ante os olhos imóveis do infinito,
Na dor de ver murcharem as rosas,
E como as rosas tudo o que é belo e frágil,
Não sentires em teu ânimo aflito
Crescer a ânsia de vida como uma divina graça;

Quando tiveres inveja, quando o ciúme

Crestar os últimos lírios de tua alma desvirginada;
Quando em teus olhos áridos
Estancarem-se as fontes das suaves lágrimas
Em que se amorteceu o pecaminoso lume
De tua inquieta mocidade:

Então, sorri pela última vez, tristemente,

A tudo que outrora
Amaste. Sorri tristemente...
Sorri mansamente... em um sorriso pálido... pálido
Como o beijo religioso que puseste
Na fronte morta de tua mãe... sobre a sua fronte morta...

Quando perderai l’umile gusto della tristezza,

Quando, nelle ore malinconiche del giorno,
Non sentirai più le labbra dell'ombra
Mormorare alle tue orecchie
Le parole di voluttuosa bellezza
O di casta saggezza;

Quando la tua tristezza non sarà altro che amarezza,

Quando perderai ogni stimolo e ogni convinzione.
- La fede nel bene e nella virtù,
La fiducia nei tuoi amici e nella tua amata,
Quando il giorno stesso si trasformerà nella scura notte
Dello sconforto e del rancore;

Quando, nell'agonia di tutto ciò che passa

Davanti agli occhi immobili dell'infinito,
Nel dolore di veder appassire le rose,
E come le rose tutto quel che è bello e fragile,
Non sentirai nel tuo animo afflitto
Crescere l'ansia di vita come una divina grazia;

Quando proverai invidia, quando la gelosia

Seccherà gli ultimi gigli della tua anima deflorata;
Quando nei tuoi occhi aridi
Si prosciugheranno le fonti delle dolci lacrime
In cui si fiaccò il peccaminoso lume
Della tua inquieta gioventù:

Allora, sorridi per l'ultima volta, tristemente,

A tutto ciò che un tempo
Hai amato. Sorridi tristemente...
Sorridi quietamente... con un sorriso pallido... pallido
Come il bacio religioso che posasti
Sulla fronte morta di tua madre... sulla sua fronte morta...

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Vassily Kandinsky
Falce (1926)
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