Madrigal melancólico


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Madrigal melancólico
Madrigale malinconico


O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela de fragilidade e incerteza

O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas

O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como o teu próprio pensamento.
Graça que perturba e que satisfaz

O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
Não é a irmã que já perdi,
E nem meu pai

O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti – lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é a vida!

Quel che io adoro in te,
Non è la tua bellezza.
La bellezza, è dentro di noi che esiste.
La bellezza è un concetto.
E la bellezza è triste.
Non è triste in sé,
Ma per ciò che v’è in lei di fragilità e incertezza.

Quel che io adoro in te,
Non è la tua intelligenza.
Non il tuo spirito raffinato,
Tanto agile e luminoso,
- Uccello libero nell’aria mattinale tra i monti.
Né la tua conoscenza
Del cuore degli uomini e delle cose.

Quel che io adoro in te,
Non è la tua grazia musicale,
Incessante e rinnovata in ogni istante,
Grazia eterea come il tuo pensiero,
Grazia che inquieta e sazia.

Quel che io adoro in te,
Non è la madre ormai scomparsa.
Non è la sorella ormai scomparsa.
Non è il padre.

Quel che io adoro nella tua natura,
Non è il profondo istinto materno
Aperto nel tuo fianco come una ferita.
Non la tua purezza. E non la tua impurezza.
Quel che io adoro in te – compatiscimi e consolami!
Quel che io adoro in te, è la vita.

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Emiliano di Cavalcanti
Donna con gatto (1973)
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