Última Carta de Van Gogh a Théo


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Última Carta de Van Gogh a Théo
Ultima lettera di Van Gogh a Théo


nunca me preocupei em reproduzir exactamente
aquilo que vejo e observo
a cor serve para me exprimir théo: amarelo
terra azul corvo lilás sol branco pomar vermelho
arles
sulfurosas cores cintilando sob o mistério
das estrelas na profunda noite afundadas onde
me alimento de café absinto tabaco visões e
um pedaço de pão théo
que o padeiro teve a bondade de fiar

o mistral sopra mesmo quando não sopra
os pomares estão em flor
o mistral torna-se róseo nas copas das ameixeiras
arde continuou a arder quando tentei matar aquele
que viu minha paleta tornar-se límpida
mas acabei por desferir um golpe contra mim mesmo
théo
cortei-me uma orelha e o mistral sopra agora
só de um lado do meu corpo os pomares estão em flor
e arles théo continua a arder sob a orelha cortada

por fim théo
em auvers voltei a cara para o sol
apontando o revólver ao peito senti o corpo
como um torrão de lama em fogo regressar ao início
num movimento de incendiado girassol.

non mi sono mai preoccupato di riprodurre esattamente
quel che vedo ed osservo
il colore mi serve ad esprimermi théo: giallo
terra blu corvo lilla sole bianco frutteto rosso
arles
colori solforosi che brillano sotto il mistero
delle stelle affondate nella profonda notte in cui
mi nutro di caffè assenzio tabacco visioni e
d’un pezzo di pane théo
che il panettiere ha avuto la bontà di donarmi

il maestrale spira anche quando non spira
i frutteti sono in fiore
il mistral diventa rosato sulle chiome dei pruni
arde ha continuato ad ardere quando ho tentato di uccidere
colui che vide la mia tavolozza ritornare pulita
ma ho finito col deviare il colpo contro me stesso
théo
mi son tagliato un orecchio e il maestrale ora soffia
solo da un lato del mio corpo i frutteti sono in fiore
e arles théo continua ad ardere sotto l’orecchio tagliato

alla fine théo
a auvers ho rivolto la faccia al sole
puntandomi il revolver al petto ho sentito il corpo
come una zolla di fango in fiamme ritornare al principio
in un movimento di girasole incendiato.

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Vincent van Gogh
Vigneto rosso ad Arles (1888)
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