Caranguejo


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Caranguejo
Granchio


Caranguejo feiíssimo,
monstruoso,
que te arrastas na areia
como a miniatura
de um tanque de guerra...
Gosto de ti, caranguejo,
Câncer meu padrinho
nas folhinhas,
pois nasci sob as bênçãos do teu signo
zodiacal...

Teu par de puãs cirúrgicas oscila
à frente do escudo lamaçento
de velho hoplita.
E mais oito patas, peludas,
serrilhadas,
de crustáceo nobre,
retombam no mole desengonço
de pés e braços muito usados,
desarticulados,
de um bebê de celulóide.

Caranguejo sujo,
desconforme,
como um atarracado Buda roxo
ou um ídolo asteca...

És forte e ao menor risco te escondes
na carapaça bronca,
como fazem os seres evoluídos,
misantropos, retraídos,
o filósofo, o asceta,
o cágado, o ouriço, o caracol...

Caranguejo hediondo,
de armadura espessa,
prudente desertor...
Para as luas do amor, quero aprender contigo,
quero fazer como fazes, animalejo frio,
que, tão calcariamente encouraçado,
só sabes recuar...
Granchio bruttissimo,
mostruoso,
che ti trascini sulla sabbia
come la miniatura
d’un carro armato...
Mi piaci, granchio,
Cancro mio protettore
sui calendari,
poiché nacqui sotto gli auspici del tuo segno
zodiacale...

Le tue due chirurgiche tenaglie oscillano
sul davanti dello scudo melmoso
da vecchio oplita.
E altre otto zampe, pelose,
seghettate,
di nobile crostaceo,
ricadono nel molle barcollare
di piedi e braccia molto usati,
disarticolati,
come bebè di celluloide.

Granchio lercio,
sproporzionato,
come un tarchiato Budda violaceo
o un idolo azteco...

Sei forte e al minimo rischio ti nascondi
nel rozzo carapace,
come fanno gli esseri evoluti,
misantropi, riservati,
il filosofo, l’asceta,
la tartaruga, il riccio, la chiocciola...

Granchio immondo,
dalla spessa armatura,
prudente disertore...
Per le lune d’amore, voglio imparare da te,
voglio fare come fai tu, animaletto freddo,
che, con tanto di corazza calcarea,
sai solo arretrare...
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Vincent van Gogh
I due granchi (1889)
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