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A vida real
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La vita reale
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Cidade sem aura. Sem sombras.
Dizem que um padre rogou-lhe uma praga.
Árvores de altas copas foram arrancadas
e, do cimento, brotou uma fonte luminosa.
As árvores não prosperam,
mutiladas por podas até o toco.
Folhas e flores enervam donas-de-casa
maníacas por calçadas limpas.
Chique é ter o quintal cimentado
e os cômodos revestidos de carpete.
O padre conta suas reses.
O prefeito conta sua reses.
Pardais cagam nos bancos da praça.
Reconhecem aqui o reino da politicagem.
No Carnaval, pretos, bichas e pobres
descem do Buracão ou sobem da Santa Cruz
e podem dançar nas ruas,
acompanhando os filhos de boas famílias.
Mas não passam da porta do clube.
Dizem que um padre rogou-lhe uma praga.
Árvores de altas copas foram arrancadas
e, do cimento, brotou uma fonte luminosa.
As árvores não prosperam,
mutiladas por podas até o toco.
Folhas e flores enervam donas-de-casa
maníacas por calçadas limpas.
Chique é ter o quintal cimentado
e os cômodos revestidos de carpete.
O padre conta suas reses.
O prefeito conta sua reses.
Pardais cagam nos bancos da praça.
Reconhecem aqui o reino da politicagem.
No Carnaval, pretos, bichas e pobres
descem do Buracão ou sobem da Santa Cruz
e podem dançar nas ruas,
acompanhando os filhos de boas famílias.
Mas não passam da porta do clube.
Città senz’atmosfera. Senza ombre.
Si dice che un prete l’abbia maledetta.
Alberi d’alto fusto furono sradicati
e, dal cemento, è sgorgata una fonte luminosa.
Gli alberi non si sviluppano,
mutilati da potature fino al piede.
Foglie e fiori esasperano le casalinghe
maniache dei marciapiedi puliti.
Chic è avere il cortile cementato
e i locali rivestiti di moquette.
Il prete conta le sue pecorelle.
Il prefetto conta le sue pecorelle.
I passeri fanno la cacca sulle panchine in piazza.
Riconoscono qui il regno della malapolitica.
A Carnevale, negri, checche e poveri
scendono dal Buracão o salgono da Santa Cruz
e possono ballare per strada,
seguendo i figli delle famiglie bene.
Ma dalla porta del club non si passa.
Si dice che un prete l’abbia maledetta.
Alberi d’alto fusto furono sradicati
e, dal cemento, è sgorgata una fonte luminosa.
Gli alberi non si sviluppano,
mutilati da potature fino al piede.
Foglie e fiori esasperano le casalinghe
maniache dei marciapiedi puliti.
Chic è avere il cortile cementato
e i locali rivestiti di moquette.
Il prete conta le sue pecorelle.
Il prefetto conta le sue pecorelle.
I passeri fanno la cacca sulle panchine in piazza.
Riconoscono qui il regno della malapolitica.
A Carnevale, negri, checche e poveri
scendono dal Buracão o salgono da Santa Cruz
e possono ballare per strada,
seguendo i figli delle famiglie bene.
Ma dalla porta del club non si passa.
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Paul Klee Piccolo abete (1922) |
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