Fuga do centauro


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Dante Milano »»
 
Poesias (1948) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Fuga do centauro
La fuga del centauro


Surpreendi-a numa gruta,
O corpo fosforescente
Como uma Santa! Porém,
Rindo, quase com desdém,
Do meu êxtase inocente,
Toda nua e transparente,
Sob o véu, numa impudente
Postura de prostituta.

Receoso, tentei fugir.
Ela pegou-me das crinas,
Em minhas costas montou
E meus flancos esporeou.
Quis domar-me com mãos finas.
Ah, que tu não me dominas!
Logo aflaram-me as narinas
E comecei a nitrir...

Fui beijá-la e dei dentadas.
Havia sangue em seu gosto.
Espanquei-a com carícias,
Massacrei-a de delícias.
Arrastei-lhe o corpo exposto,
Nua, o gesto decomposto,
E pus-lhe as patas no rosto.
— Ela dava gargalhadas.

Estatelada no chão
Saía dela um calor
De forno, que a consumia,
Um hálito de agonia
E de esquálido suor.
E vendo-a perder a cor,
Sentia nela o sabor
De toda carne: extinção.

Afinal me libertei
Do seu espantoso abraço
E larguei-a quase morta,
Esvaída, a boca torta,
As mãos hirtas, o olhar baço.
Afastei-me, firme o passo,
Respirando um novo espaço,
Vitorioso como um rei.

Ela ergueu-se e de mãos postas
Pediu-me, ao ver-me partir,
Que jamais a abandonasse.
Tinha lágrimas na face.
A princípio eu quis sorrir:
Voltar, depois de fugir?
E fugi, mas a nitrir,
Com ela nas minhas costas...

La sorpresi in una grotta,
Il corpo fosforescente
Come una Santa! Però,
stava ridendo, quasi con sprezzo,
Della mia estasi innocente,
Tutta nuda e trasparente,
Sotto il velo, in un’impudente
Posa da prostituta.

Timoroso, tentai di fuggire.
Ella mi prese per la criniera,
Mi montò in groppa
E i miei fianchi spronò.
Mi voleva domare con mani abili.
Ah, non sia mai, che tu mi domini!
Subito ansimai per le narici
E cominciai a nitrire...

Volli baciarla e la presi a dentate.
Mi lasciò un sapor di sangue al gusto.
La malmenai di carezze,
La massacrai di delizie.
Trascinai il suo corpo esposto,
Nuda, ogni gesto scomposto,
E le misi gli zoccoli sul volto.
— E lei non faceva che ridere.

Scaraventata a terra
Saliva da lei un calore
Di forno, che la consumava,
Un alito d’agonia
E di squallido sudore.
E vedendola perdere il colore,
Sentivo in lei il sapore
D’ogni carne: estinzione.

Infine mi liberai
Dal suo atroce abbraccio
E la lasciai quasi morta,
Disfatta, con la bocca storta,
Le mani contratte, lo sguardo opaco.
M’allontanai, fermo il passo,
Respirando un nuovo spazio,
Vittorioso come un re.

Ella si sollevò e giungendo le mani
M’implorò, nel vedermi partire,
Che mai l’abbandonassi.
Lacrime le rigavano il viso.
Dapprima mi venne da sorridere:
Tornare, dopo esser fuggito?
E fuggii, mandando nitriti,
Con lei a cavalcioni...

________________

Jean Michel Folon
Centauro (1996)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (105) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (434) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (16) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)