Uma pequenina luz


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Fidelidade (1958) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Uma pequenina luz
Una piccola luce


Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una piccola… em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha.

Una piccola luce tremolante
che non brilla distante in fondo alla strada
è qui in mezzo a noi e attorniata di folla
une toute petite lumière
just a little light
una piccola… in tutte le lingue del mondo
una piccola luce tremolante
che brilla incerta ma brilla
qui in mezzo a noi
tra il caldo respiro della gente
le folate dai monti e la brezza dal mare
e l’alito acre di quelli che non la vedono
l’intuiscono appena e rabbiosi sbuffano.
Una piccola luce
che vacilla precisa
che trema risoluta
che non illumina solo brilla.
L’hanno pregata di far sentire la sua voce e è muta.
Muta come la precisione come la risolutezza
come la giustizia.
E brilla inalterabile.
Silenziosa non crepita
non consuma non richiede denaro.
No, lei che richiede denaro.
E neanche riscalda quelli che per il freddo s’accostano.
E neanche illumina i visi che si chinano.
Appena brilla tremolante ondeggia
inalterabile prossima dorata.
Tutto è incerto o falso o violento: brilla.
Tutto è terrore caducità orgoglio caparbietà: brilla.
Tutto è pensiero realtà sensazione sapere: brilla.
Tutto è tenebra o splendore in lotta con la tenebra: brilla.
Da sempre o da mai per sempre o no:
brilla.
Una piccola luce tremolante e muta
come la precisione come la risolutezza
come la giustizia.
Solo come queste.
Ma brilla.
Non in lontananza. Qui
in mezzo a noi.
Brilla.

________________

Georges de La Tour
Maddalena penitente (1635-1640)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (10) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)