Ó doce perspicácia...

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Ó doce perspicácia...

Oh dolce perspicacia...

Ó doce perspicácia dos sentidos!
Visão mais táctil que apressados dedos
sempre na treva tropeçando em medos
que só o olfacto os ouve definidos!
 
Audível sexo, corpos repetidos,
gosto salgado em curvas sem segredos
a que outras acres e secretas - ledos,
tranquilos, finos ásperos rangidos -
 
se ligam, mancha a mancha, lentamente...
Perfume túrgido, macio, tépido,
sequioso de mão gélida e tremente...
 
Vago arrepio que se escoa lépido
por sobre os tensos corpos tão fingidios...
Ó doce perspicácia dos sentidos!

Oh dolce perspicacia dei sensi!
Vista quasi tattile di frettolose dita
che al buio spesso s’imbattono in spaventi
che solo l'olfatto sa udire chiaramente!
 
Sesso udibile, corpi ripetuti,
gusto salato in curve senza segreti
alle quali altre agre e segrete – lieti,
tranquilli, sottili striduli scrocchi –
 
si legano, poro a poro, lentamente...
Profumo turgido, morbido, tiepido,
avido di mano gelida e tremante...
 
Vago brivido che s’estingue rapido
nei corpi ansiosi così scombussolati...
Oh dolce perspicacia dei sensi!

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Tamara de Lempicka
Adamo ed Eva (1932)

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