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Noções de Linguística
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Nozioni di linguistica
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Ouço os meus filhos a falar inglês
entre eles. Não os mais pequenos só
mas os maiores também e conversando
com os mais pequenos. Não nasceram cá,
todos cresceram tendo nos ouvidos
o português. Mas em inglês conversam,
não apenas serão americanos: dissolveram-se,
dissolvem-se num mar que não é deles.
Venham falar-me dos mistérios da poesia,
das tradições de uma linguagem, de uma raça,
daquilo que se não diz com menos que a experiência
de um povo e de uma língua. Bestas.
As línguas, que duram séculos e mesmo sobrevivem
esquecidas noutras, morrem todos os dias
na gaguez daqueles que as herdaram:
e são tão imortais que meia dúzia de anos
as suprime da boca dissolvida
ao peso de outra raça, outra cultura.
Tão metafísicas, tão intraduzíveis,
que se derretem assim, não nos altos céus,
mas na caca quotidiana de outras.
entre eles. Não os mais pequenos só
mas os maiores também e conversando
com os mais pequenos. Não nasceram cá,
todos cresceram tendo nos ouvidos
o português. Mas em inglês conversam,
não apenas serão americanos: dissolveram-se,
dissolvem-se num mar que não é deles.
Venham falar-me dos mistérios da poesia,
das tradições de uma linguagem, de uma raça,
daquilo que se não diz com menos que a experiência
de um povo e de uma língua. Bestas.
As línguas, que duram séculos e mesmo sobrevivem
esquecidas noutras, morrem todos os dias
na gaguez daqueles que as herdaram:
e são tão imortais que meia dúzia de anos
as suprime da boca dissolvida
ao peso de outra raça, outra cultura.
Tão metafísicas, tão intraduzíveis,
que se derretem assim, não nos altos céus,
mas na caca quotidiana de outras.
Ascolto i miei figli parlare inglese
tra di loro. Non soltanto i più piccini
ma anche i più grandi e conversando
con i più piccini. Non sono nati qui,
sono cresciuti tutti sentendo il suono
del portoghese. Ma già conversano in inglese,
presto saranno americani: si sono dissolti,
si dissolvono in un mare che non è il loro.
E vengano poi a parlarmi dei misteri della poesia,
delle tradizioni di un idioma, di una razza,
di ciò non può esser detto senza un minimo di esperienza
di un popolo e di una lingua. Somari.
Le lingue, che durano secoli e riescono a sopravvivere
dimenticate in altre lingue, muoiono ogni giorno
nel balbettio di quelli che le hanno ereditate:
e sono così immortali che mezza dozzina di anni
le sopprime dalla bocca dissolta
sotto il peso d’un’altra razza, d’un’altra cultura.
Così metafisiche, così intraducibili,
che si disgregano così, non nell’alto dei cieli,
ma nella cacca quotidiana d’altre lingue.
tra di loro. Non soltanto i più piccini
ma anche i più grandi e conversando
con i più piccini. Non sono nati qui,
sono cresciuti tutti sentendo il suono
del portoghese. Ma già conversano in inglese,
presto saranno americani: si sono dissolti,
si dissolvono in un mare che non è il loro.
E vengano poi a parlarmi dei misteri della poesia,
delle tradizioni di un idioma, di una razza,
di ciò non può esser detto senza un minimo di esperienza
di un popolo e di una lingua. Somari.
Le lingue, che durano secoli e riescono a sopravvivere
dimenticate in altre lingue, muoiono ogni giorno
nel balbettio di quelli che le hanno ereditate:
e sono così immortali che mezza dozzina di anni
le sopprime dalla bocca dissolta
sotto il peso d’un’altra razza, d’un’altra cultura.
Così metafisiche, così intraducibili,
che si disgregano così, non nell’alto dei cieli,
ma nella cacca quotidiana d’altre lingue.
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Giorgio Milani Babele (2007) |
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