Um dia, de porre...


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Um dia, de porre...
Un giorno, sbronzo...


um dia, de porre,
ainda vou te fazer uma declaração de amor
falando coisas como só-penso-em-você
ou ando-louco-de-paixão ou não importa

mas um dia, de porre ou cara limpa,
fumado ou cheirado até a última carreira
ainda vou te fazer uma declaração de amor
tão completamente descarada
que no dia seguinte a gente se olhe de lado
meio rindo baixinho
que loucura, hein cara?
e nunca mais toque no assunto

mas um dia, ah um dia, qualquer dia
vou dar um escândalo no bar para que todos ouçam
e você morra de vergonha da minha grande baixeza
vou te pegar de surpresa, dizer tolices meladas
que capricho ou ilusão ousariam publicar
vou pedir mais copo, acender a última baga,
cheirar a derradeira e berrar frenético

que não têm conta as punhetas que bati por você
que não têm conta as cartas de amor que não mandei
que não têm conta os cigarros e as insônias
e as caminhadas loucas e as flores que joguei no lixo
e essas coisas tontas que a gente faz
quando anda cego de amor ou de tesão,
nunca se sabe

direi nesse dia qualquer, então,
quando te pegar de jeito no meio da praça
no canto do bar, na cama do apartamento
na porta de entrada ou saída, que importa?
e de porre ou não, prometo,
ainda vou te fazer uma declaração de amor
tão completa e tão esplendida
e tão absoluta e tão definitiva
e tão [desesperada e inutilmente / inútil e
 desesperadamente] autossuficiente
que dispensará qualquer resposta.

depois, darei um suspiro de alívio
e nunca mais te olharei na cara.
un giorno, sbronzo,
ti farò addirittura una dichiarazione d’amore
dicendo cose tipo non-penso-che-a-te
sono-folle-di-passione o non importa

ma un giorno, sbronzo o a viso aperto,
fumato o sniffato da non poterne più
ti farò addirittura una dichiarazione d’amore
così totalmente sfacciata
che il giorno dopo ci si guarderebbe di sbieco
ridacchiando sommessamente
che follia, eh ragazzo?
e non si torni più sull’argomento

ma un giorno, ah un giorno, un bel giorno
voglio dar scandalo al bar perché tutti ascoltino
e tu muoia di vergogna per la mia grande impudenza
ti prenderò di sorpresa, dicendo scemenze sdolcinate
che per capriccio o illusione si osano esternare
ordinerò un altro bicchiere, accenderò l’ultima cicca,
ne snifferò ancora una e sbraiterò frenetico

che non si contano le pippe che mi son fatto per te
che non si contano le lettere d’amore che non ho spedito
che non si contano le sigarette e le insonnie
e tutti quei giri folli e i fiori buttati tra i rifiuti
e quelle cose assurde che si fanno
quando si è accecati dall’amore o dalla tensione,
non si può mai sapere

ti dirò in quel certo giorno, dunque,
quando ti beccherò d’un tratto in mezzo alla piazza
in un angolo del bar, nel letto dell’appartamento
sulla porta d’entrata o d’uscita, che importa?
e con o senza sbronza, prometto,
ti farò addirittura una dichiarazione d’amore
così completa e splendida
e così assoluta e definitiva
e così [disperatamente e inutilmente / inutilmente
 e disperatamente] autosufficiente
che prescinderà da qualunque risposta.

poi, tirerò un sospiro di sollievo
e mai più ti guarderò in faccia.
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Maciej Cieśla
Diavolo ebbro (2020)
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