Poeta como Tu, Irmão


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Poeta como Tu, Irmão
Poeta come te, fratello


Não sou mais poeta do que tu, irmão!
Tu cavas na terra a semente da vida,
eu cavo na vida a semente da libertação.

Somos partes perdidas dum só
que a razão de ser das coisas
separou. Não sou mais poeta do que tu, irmão.
A mãe que te gerou a mim me gerou —
não foi ela quem nos trocou
as mãos, a voz do coração.

Abandona um pouco a charrua, arranca
da terra os olhos cansados, e limpa
o sujo da cara ao sujo das mãos — onde
os calos são um só e as rugas da morte
caminhos cobertos de pó.

E olha
na direcção do meu braço cansado, sem
  músculos quadrados
nem merda nas unhas, mas que te aponta
  o mundo onde as raízes do dia, a luta, o trabalho
reclamam suor
mas não te roubam o pão.
Arranca os olhos da terra, irmão!
Non sono più poeta di te, fratello!
Tu estrai dalla terra la semente della vita,
io estraggo dalla vita la semente della liberazione.

Siamo le parti perdute d’un solo essere
che la ragion d’essere delle cose
ha separato. Non sono più poeta di te, fratello.
La madre che ti ha generato anche me ha generato —
non è stata lei a scambiarci
le mani, la voce del cuore.

Abbandona per un po’ l’aratro, strappa
dalla terra gli occhi stanchi, e ripulisci
lo sporco del viso con lo sporco delle mani — dove
i calli sono un solo callo e le rughe della morte
sentieri coperti di polvere.

E volgi lo sguardo
verso il mio braccio stanco, senza
  muscoli quadrati
né sporcizia nelle unghie, ma che ti indica
  il mondo ove le radici del giorno, la lotta, il lavoro
reclamano sudore
ma non ti rubano il pane.
Strappa gli occhi dalla terra, fratello!
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Georges Pierre Seurat
Contadino con zappa (1882)
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