Um homem vai na sua vida...


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Um homem vai na sua vida...
Un uomo sta andando per la sua vita...


Um homem vai na sua vida,
transporta cuidadoso a balança
do coração, e subitamente
cai. E dói, a alma
dói, os ossos
doem menos. Um homem
deita-se onde calha, uma garrafa de vinho
ajuda — deita-se num travesseiro
de palha ou nos braços do ar
e afasta-se para longe no seu corpo
cansado, e dorme, repousa
apesar de tudo____ mas a alma,
senhores, a alma não vai nisso, ela continua
a doer a doer. Um homem
enrola-se nas águas do sono
e acaba no fundo mais fundo
da mãe. Faz
escuro___ leva-se lá para dentro
a experiência do mundo e já não é
o que era, já não encontro
a paz
de quando havia uma noite
acolhedora — já não há
nada. A pedra do ar cai-me em cima
ou sou eu quem nela
pacificado cai? Dói, meus amigos,
a loba a que chamam alma
dói —
não desarma. Canto. Ou é
um pranto? Cantarei
mais fundo, mais fundo ainda, um canto
cavo
de quem regressa a casa
e já não há casa.
Un uomo sta andando per la sua vita,
con cautela trasporta la bilancia
del cuore, e tutt’a un tratto
cade. E prova dolore, l’anima
prova dolore. Le ossa
dolgono meno. Un uomo
si corica a casaccio, una bottiglia di vino
può aiutare — si sdraia su un giaciglio
di paglia o abbracciato all’aria
e se ne va lontano col suo corpo
spossato, e dorme, si rilassa
nonostante tutto____ ma l’anima,
signori miei, l’anima rimane lì, e continua
a soffrire, a soffrire. Un uomo
si crogiola nelle acque del sonno
e va a finire nel fondo più profondo
della madre. Si fa
notte___ ci si porta là dentro
l’esperienza del mondo e più non è
quel ch’era prima, più non ritrovo
quella pace
di quando lì c’era una notte
accogliente — ormai non esiste più
niente. È la pietra che dall’aria mi cade addosso
o sono io che le cado
sopra riconciliato? Fa soffrire, amici miei,
la lupa che chiamano anima
fa soffrire —
non disarma. Canto. O sto
piangendo? Canterò
più profondo, ancora più profondo, un canto
cavernoso
di chi a casa fa ritorno
e ormai non c’è più casa.
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Max Beckmann
Uomo che cade (1950)
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