Um homem vai na sua vida...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Casimiro de Brito »»
 
Livro das Quedas (2005) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Um homem vai na sua vida...
Un uomo sta andando per la sua vita...


Um homem vai na sua vida,
transporta cuidadoso a balança
do coração, e subitamente
cai. E dói, a alma
dói, os ossos
doem menos. Um homem
deita-se onde calha, uma garrafa de vinho
ajuda — deita-se num travesseiro
de palha ou nos braços do ar
e afasta-se para longe no seu corpo
cansado, e dorme, repousa
apesar de tudo____ mas a alma,
senhores, a alma não vai nisso, ela continua
a doer a doer. Um homem
enrola-se nas águas do sono
e acaba no fundo mais fundo
da mãe. Faz
escuro___ leva-se lá para dentro
a experiência do mundo e já não é
o que era, já não encontro
a paz
de quando havia uma noite
acolhedora — já não há
nada. A pedra do ar cai-me em cima
ou sou eu quem nela
pacificado cai? Dói, meus amigos,
a loba a que chamam alma
dói —
não desarma. Canto. Ou é
um pranto? Cantarei
mais fundo, mais fundo ainda, um canto
cavo
de quem regressa a casa
e já não há casa.
Un uomo sta andando per la sua vita,
con cautela trasporta la bilancia
del cuore, e tutt’a un tratto
cade. E prova dolore, l’anima
prova dolore. Le ossa
dolgono meno. Un uomo
si corica a casaccio, una bottiglia di vino
può aiutare — si sdraia su un giaciglio
di paglia o abbracciato all’aria
e se ne va lontano col suo corpo
spossato, e dorme, si rilassa
nonostante tutto____ ma l’anima,
signori miei, l’anima rimane lì, e continua
a soffrire, a soffrire. Un uomo
si crogiola nelle acque del sonno
e va a finire nel fondo più profondo
della madre. Si fa
notte___ ci si porta là dentro
l’esperienza del mondo e più non è
quel ch’era prima, più non ritrovo
quella pace
di quando lì c’era una notte
accogliente — ormai non esiste più
niente. È la pietra che dall’aria mi cade addosso
o sono io che le cado
sopra riconciliato? Fa soffrire, amici miei,
la lupa che chiamano anima
fa soffrire —
non disarma. Canto. O sto
piangendo? Canterò
più profondo, ancora più profondo, un canto
cavernoso
di chi a casa fa ritorno
e ormai non c’è più casa.
________________

Max Beckmann
Uomo che cade (1950)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (107) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (435) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (23) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)