Entre as árvores e as pedras...


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Entre as árvores e as pedras...
Tra gli alberi e le pietre...


Entre as árvores e as pedras que
se contemplam há séculos
no Claustro de Saint-Fulcran
introduzo a minha humanidade.
— Também eu, deixem-me sentar a vosso lado,
sou um bicho da terra. Uma nuvem
que passa, um pássaro
que já não sabe voar.

As pedras (árvores um pouco
mais antigas) e as árvores (aves
que todos os anos dão flor) deixaram
que me sentasse entre elas.
— Ao que vens? perguntaram.
— Sou poeta, sou um vaso que se abre
a todas as águas
mas estou cansado dos homens
e das suas guerras.

— Senta-te, esquece o corpo, aproxima-te
do começo do tempo.
E o meu corpo abriu-se em flor
e em pedra e em água como se nada fosse
ou sempre tivesse sido.
E a sombra da árvore foi uma praia
onde fui menino; e as pedras da catedral
deixaram que partilhasse com elas
o meu desamparado coração.
Tra gli alberi e le pietre che
si contemplano da secoli
nel Chiostro di Saint-Fulcran
immetto la mia umanità.
— Sono anch’io, e permettete che vi sieda accanto,
una creatura terrestre. Una nuvola
di passaggio, un uccello
che non sa più volare.

Le pietre (alberi un po’
più antichi) e gli alberi (uccelli
che tutti gli anni danno fiori) mi hanno permesso
di sedermi in mezzo a loro.
— Come mai qui? mi hanno chiesto.
— Sono poeta, sono un vaso che accoglie
tutte le acque
ma sono stanco degli uomini
e delle loro guerre.

— Siediti, scordati il corpo, incamminati
verso l’inizio del tempo.
E il mio corpo s’è schiuso in fiore
e in pietra e in acqua come se nulla fosse
o fosse sempre stato così.
E l’ombra dell’albero è divenuta una spiaggia
dove io fui da bambino; e le pietre della cattedrale
hanno permesso che dividessi con loro
il mio cuore desolato.
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Emil Nolde
Luce ed acqua (1930)
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