Revejo velhos cadernos...


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Revejo velhos cadernos...
Rivedo vecchi quaderni...


Revejo velhos cadernos
anotações de sonhos
saturno, crescentes
intento
invento
e de cada vez sei
sempre
que não é aqui.

Os amigos perdidos
os cabelos perdidos
os olhos perdidos.

Nenhuma crença
nenhum motivo bom
ou mesmo mau
para seguir ou desistir.

A vida parada
julho, agosto
as estradas poeirentas
o vento norte:
o sono de minha avó
na cadeira de balanço.

A cidade deserta
setembro, outubro
o reboco caindo
o vento sul:
o xadrez no plástico da mesa
com flores vermelhas e amarelas.

Um cão late
o relógio bate
a poeira cobre os móveis
e os rostos dos parentes.
Caminhões que vão para lugar nenhum
cartas que não chegam
as flores descoradas de plástico
na luz dura da sala.

Novembro, dezembro
os caminhos que não andei
os amores que não tive
os sonhos que continuo mantendo
pela simples razão de estar vivo.

Aí, Deus
dai-me outra vez o sangue na veia
novamente o coração em descompasso
as visões de antes, o verão ardente
não este mormaço seco
o sangue gelado de agora
e nenhum arco-íris sob os olhos.

Quero de volta meu riso
quero de volta meu passo:
quebrarei todas as cristaleiras da casa
ou me transformarei para sempre
numa flor de plástico
inútil, desbotada, coberta de poeira...
Rivedo vecchi quaderni
annotazioni di sogni
saturno, lune crescenti
aspiro
invento
e ogni volta so
sempre
che non è qui.

Gli amici perduti
i capelli perduti
gli occhi perduti.

Nessun credo
nessun buon motivo
ma neanche cattivo
per proseguire o desistere.

La vita immobile
luglio, agosto
le strade polverose
il vento del nord:
il sonno di mia nonna
sulla sedia a dondolo.

La città deserta
settembre, ottobre
l’intonaco che cade
il vento del sud:
la scacchiera sulla plastica del tavolo
a fiori rossi e gialli.

Un cane guaisce
l’orologio batte
la polvere copre i mobili
e i volti dei parenti.
Camion che non vanno da nessuna parte
lettere che non arrivano
i fiori di plastica sbiaditi
nella luce dura della sala.

Novembre, dicembre
le strade che non ho percorso
gli amori che non ho avuto
i sogni che continuo a inseguire
per la semplice ragione d’esser vivo.

Ahi, mio Dio
ridammi ancora il sangue nelle vene
e nuovamente il cuore in subbuglio
le fantasie d’un tempo, l’estate ardente
non questa vampa secca
il sangue gelido di ora
e nessun arcobaleno sotto le palpebre.

Rivoglio indietro la mia risata
rivoglio indietro i miei passi:
romperò tutta la cristalleria di casa
o mi trasformerò per sempre
in un fiore di plastica
inutile, scolorito, coperto di polvere...
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Corrado Bonomi
Siamo fiori (2021)
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