Elegia em forma de Epístola


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Elegia em forma de Epístola
Elegia in forma di epistola


A circunstância de sermos homem e mulher
presos por uma aliança tácita
e secreta
do sangue
é que nos prende à vida, meu amor, e nos salva.
Nascemos sem passaporte,
entre fronteiras guardadas
por sentinelas de sal e de silêncio.
O rio da história corre, estrangulado, entre as pedras,
e o cascalho, e os detritos humanos,
e a alegria suicida das coisas limpas e puras
abandonadas e soltas à vertigem da morte
Construímos
para nossa defesa
um muro de ironia e de sarcasmo
– imponderável cortina
de humana ternura envergonhada
ou, como tu dizes, perseguida.
O silêncio é a corda
que nos prende aos mastros,
a antena vegetal por onde
a vida se insinua,
universal e atenta.
Marinheiros duma pátria
ancorada no tempo,
bebemos o sal dos minutos que passam
e adormecemos, hirtos, de costas para o mar.
La circostanza d’essere uomo e donna
uniti da un’alleanza tacita
e segreta
del sangue
è ciò che ci lega alla vita, amore mio, e ci salva.
Siamo nati senza passaporto,
entro frontiere vigilate
da sentinelle di sale e di silenzio.
Il fiume della storia scorre, angusto, tra le pietre,
e la ghiaia, e i rifiuti umani,
e l’allegria suicida delle cose nitide e pure
sgombrate e lasciate alla vertigine della morte.
Costruiamo
a nostra difesa
un muro d’ironia e di sarcasmo
– imponderabile cortina
d’umana tenerezza impacciata
o, come dici tu, perseguitata.
Il silenzio è la corda
che ci lega all’albero maestro,
l’antenna vegetale per dove
la vita s’insinua,
universale e attenta.
Marinai d’una patria
ancorata al tempo,
beviamo il sale dei minuti che passano
e ci addormentiamo, tremanti, con le spalle al mare
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Marc Chagall
Gli innamorati in verde (1914-1915)
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