A esposa


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A esposa
La sposa


Às vezes, nessas noites frias e enevoadas
Onde o silêncio nasce dos ruídos monótonos e mansos
Essa estranha visão de mulher calma
Surgindo do vazio dos meus olhos parados
Vem espiar minha imobilidade.

E ela fica horas longas, horas silenciosas
Somente movendo os olhos serenos no meu rosto
Atenta, à espera do sono que virá e me levará com ele.
Nada diz, nada pensa, apenas olha – e o seu olhar é
como a luz
De uma estrela velada pela bruma.
Nada diz. Olha apenas as minhas pálpebras que descem
Mas que não vencem o olhar perdido longe.
Nada pensa. Virá e agasalhará minhas mãos frias
Se sentir frias suas mãos.
Quando a porta ranger e a cabecinha de criança
Aparecer curiosa e a voz clara chamá-la num reclamo
Ela apontará para mim pondo o dedo nos lábios
Sorrindo de um sorriso misterioso
E se irá num passo leve
Após o beijo leve e roçagante...

Eu só verei a porta que se vai fechando brandamente...

Ela terá ido, a esposa amiga, a esposa que eu
nunca terei.

Talvolta, in queste notti fredde e nebbiose
In cui il silenzio sorge da rumori monotoni e leggeri
Questa strana visione di donna quieta
Che spunta dal vuoto dei miei occhi fermi
Viene a osservare la mia immobilità.

E lei rimane per lunghe ore, ore silenziose
Muovendo soltanto gli occhi sereni sul mio viso
Attenta, in attesa del sonno che verrà e mi porterà con sé.
Nulla dice, nulla pensa, guarda appena — e il suo sguardo è
come la luce
Di una stella velata dalla bruma.
Nulla dice. Guarda appena le mie palpebre che scendono
Ma che non fermano lo sguardo perso lontano.
Nulla pensa. Verrà per proteggere le mie mani fredde
Se sentirà fredde le sue mani.
Quando la porta cigolerà e la testolina di bimbo
Apparirà curiosa e la voce chiara la richiamerà severa
Lei si rivolgerà a me portando il dito alle labbra
Sorridendo d’un sorriso misterioso
E se ne andrà con passo lieve
Dopo un bacio lieve e carezzevole...

Io vedrò solo la porta che si chiuderà delicatamente...

Lei sarà già via, la sposa amica, la sposa che non
avrò mai.

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Pablo Picasso
Madre e figlio (Marie-Thérèse e Maya - 1938)

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