O tempo nos parques


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Vinícius de Moraes »»
 
Antologia Poética (1954) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


O tempo nos parques
Il tempo nei parchi


O tempo nos parques é íntimo, inadiável, imparticipante,
imarcescível.
Medita nas altas frondes, na última palma da palmeira
Na grande pedra intacta, o tempo nos parques.

O tempo nos parques cisma no olhar cego dos lagos
Dorme nas furnas, isola-se nos quiosques
Oculta-se no torso muscular dos fícus, o tempo
nos parques.

O tempo nos parques gera o silêncio do piar dos pássaros
Do passar dos passos, da cor que se move ao longe.
É alto, antigo, presciente o tempo nos parques
É incorruptível; o prenúncio de uma aragem
A agonia de uma folha, o abrir-se de uma flor
Deixam um frêmito no espaço do tempo nos parques.

O tempo nos parques envolve de redomas invisíveis
Os que se amam; eterniza os anseios, petrifica
Os gestos, anestesia os sonhos, o tempo nos parques.

Nos homens dormentes, nas pontes que fogem, na franja
Dos chorões, na cúpula azul o tempo perdura
Nos parques; e a pequenina cutia surpreende
A imobilidade anterior desse tempo no mundo
Porque imóvel, elementar, autêntico, profundo
É o tempo nos parques.

Il tempo nei parchi è intimo, improrogabile, noncurante,
immarcescibile.
Medita tra le alte fronde, sull’ultimo ramo della palma
Sulla grande pietra intatta, il tempo nei parchi.

Il tempo nei parchi medita sullo sguardo cieco dei laghi
Dorme negli anfratti, s’isola nei chioschi
Si cela nel tronco muscolare dei ficus, il tempo nei
parchi.

Il tempo nei parchi crea il silenzio dal pigolio dei passeri
Dal passare dei passi, dal colore che si muove distante.
È sublime, antico, profetico il tempo nei parchi
È incorruttibile; il preludio d’una brezza
L’agonia d’una foglia, l’aprirsi d’un fiore
Lasciano un fremito nello spazio del tempo nei parchi.

Il tempo nei parchi racchiude in campane di vetro
Quelli che si amano; perpetua gli aneliti, pietrifica
I gesti, narcotizza i sogni, il tempo nei parchi.

Sugli uomini dormienti, sui ponti nascosti, sulla chioma
Dei salici, sulla volta celeste il tempo perdura
Nei parchi; e il piccolo aguti coglie di sorpresa
L’immobilità antecedente questo tempo nel mondo
Perché immobile, elementare, autentico, profondo
È il tempo nei parchi.

________________

Paul Cezanne
Il grande pino (1889)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (7) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)