O tempo nos parques


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O tempo nos parques
Il tempo nei parchi


O tempo nos parques é íntimo, inadiável, imparticipante,
imarcescível.
Medita nas altas frondes, na última palma da palmeira
Na grande pedra intacta, o tempo nos parques.

O tempo nos parques cisma no olhar cego dos lagos
Dorme nas furnas, isola-se nos quiosques
Oculta-se no torso muscular dos fícus, o tempo
nos parques.

O tempo nos parques gera o silêncio do piar dos pássaros
Do passar dos passos, da cor que se move ao longe.
É alto, antigo, presciente o tempo nos parques
É incorruptível; o prenúncio de uma aragem
A agonia de uma folha, o abrir-se de uma flor
Deixam um frêmito no espaço do tempo nos parques.

O tempo nos parques envolve de redomas invisíveis
Os que se amam; eterniza os anseios, petrifica
Os gestos, anestesia os sonhos, o tempo nos parques.

Nos homens dormentes, nas pontes que fogem, na franja
Dos chorões, na cúpula azul o tempo perdura
Nos parques; e a pequenina cutia surpreende
A imobilidade anterior desse tempo no mundo
Porque imóvel, elementar, autêntico, profundo
É o tempo nos parques.

Il tempo nei parchi è intimo, improrogabile, noncurante,
immarcescibile.
Medita tra le alte fronde, sull’ultimo ramo della palma
Sulla grande pietra intatta, il tempo nei parchi.

Il tempo nei parchi medita sullo sguardo cieco dei laghi
Dorme negli anfratti, s’isola nei chioschi
Si cela nel tronco muscolare dei ficus, il tempo nei
parchi.

Il tempo nei parchi crea il silenzio dal pigolio dei passeri
Dal passare dei passi, dal colore che si muove distante.
È sublime, antico, profetico il tempo nei parchi
È incorruttibile; il preludio d’una brezza
L’agonia d’una foglia, l’aprirsi d’un fiore
Lasciano un fremito nello spazio del tempo nei parchi.

Il tempo nei parchi racchiude in campane di vetro
Quelli che si amano; perpetua gli aneliti, pietrifica
I gesti, narcotizza i sogni, il tempo nei parchi.

Sugli uomini dormienti, sui ponti nascosti, sulla chioma
Dei salici, sulla volta celeste il tempo perdura
Nei parchi; e il piccolo aguti coglie di sorpresa
L’immobilità antecedente questo tempo nel mondo
Perché immobile, elementare, autentico, profondo
È il tempo nei parchi.

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Paul Cezanne
Il grande pino (1889)
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