Cemitério marinho


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Cemitério marinho
Cimitero marino


Tal como anjos em decúbito 
A conversar com o céu baixinho 
Existem cerca de cem túmulos 
Num lindo cemiteriozinho 
Que eu, a passeio, descobri 
Um dia em Sidi Bou Said. 

Mal defendidos por uns muros 
Erguidos ao sabor da morte 
Eu nunca vi mortos tão puros 
Mortos assim com tanta sorte 
As lajes de cal como túnicas 
Brancas, e árabes; não púnicas. 

Sim, porque cemiteriozinho 
Nunca se viu assim tão árabe 
Feito o beduíno que é sozinho 
Ante o deserto que lhe cabe 
E mudo em face do horizonte 
Sem uma sombra que o confronte. 

Pequenos paralelepípedos 
Fendidos uns, conforme o sexo 
Eis suas lápides: antípodas 
Das que se vêem num cemitério 
De gente do nosso pigmento: 
Os nossos mortos de cimento. 

Quem se deixar de tarde ali 
Isento de mágoa ou conflito 
A olhar o mar (sem Valéry!) 
Como um espelho de infinito 
E o céu como um anti-recôncavo: 
Como o convexo de um côncavo 

Acabará (comigo deu-se!) 
Ouvindo os mortos cochicharem 
Alegremente, eles e Deus 
Mas não o nosso: o Deus dos árabes 
Que não fez Sidi Bou Said 
Para os prazeres de André Gide 

Mas sim porque a vida segue 
E o tempo pára, e a morte é um canto 
Porque morrer é coisa alegre 
Para quem vive e sofre tanto 
Como no cemiteriozinho, ali 
Ao céu de Sidi Bou Said. 

Come fossero angeli in decubito
Che dialogano col cielo pian pianino
Ci sono circa un centinaio di tumuli
In un grazioso cimiterino
Che io, passeggiando, scoprii
Un giorno a Sidi Bou Said.
 
A mala pena protetti da dei muri
Eretti al servizio della morte,
Mai avevo visto morti così puri,
Morti con la felice sorte d’avere
Lapidi di calce come tuniche
Bianche e arabe; non puniche.
 
Sì, perché mai s’era visto
Un cimiterino così arabo
Simile a un beduino tutto solo
Davanti alla parte che gli spetta di deserto
E sta muto di fronte all’orizzonte
Senza un po’ d’ombra che gli dia conforto.
 
Piccoli parallelepipedi, secondo il sesso
Gli uni dagli altri separati,
Ecco le loro lapidi: agli antipodi
Di quelle che si vedono in un cimitero
Di gente col nostro pigmento:
I nostri morti di cemento.
 
E chi la sera si sofferma lì
Libero da ogni pena e contrasto
A rimirare il mare (senza Valéry!)
Come fosse uno specchio dell'infinito
E il cielo, come una contro-concavità:
Come fosse il convesso d'un concavo
 
Finirà (e a me è successo)
Per udire i morti bisbigliare
In allegria, loro e Dio
Ma non il nostro: il Dio degli arabi
Che non ha creato Sidi Bou Said
Per i piaceri di André Gide
 
Ma piuttosto perché la vita continua
E il tempo si ferma, e la morte è un canto
Perché morire è una cosa gioiosa
Per quelli che vivono soffrendo tanto
Come in quel cimiterino, lì
Sotto il cielo di Sidi Bou Said.

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Frederick Stibbert
Cimitero arabo (1875)
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