Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Vinícius de Moraes »»
 
Novos poemas II (1959) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto
Bambino morto per i declivi di Ouro Preto


Hoje a pátina do tempo cobre também o céu de outono 
Para o teu enterro de anjinho, menino morto 
Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. 
Berçam-te o sono essas velhas pedras por onde se esforça 
Teu caixãozinho trêmulo, aberto em branco e rosa. 
Nem rosas para o teu sono, menino morto 
Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. 
Nem rosas para colorir teu rosto de cera 
Tuas mãozinhas em prece, teu cabelo louro cortado rente... 
Abre bem teus olhos opacos, menino morto 
Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. 
Acima de ti o céu é antigo, não te compreende. 
Mas logo terás, no Cemitério das Mercês-de-Cima 
Caramujos e gongolos da terra para brincar como gostavas 
Nos baldios do velho córrego, menino morto 
Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. 
Ah, pequenino cadáver a mirar o tempo 
Que doçura a tua; como saíste do meu peito 
Para esta negra tarde a chover cinzas... 
Que miséria a tua, menino morto 
Que pobrinhos os garotos que te acompanham 
Empunhando flores do mato pelas ladeiras de Ouro Preto... 
Que vazio restou o mundo com a tua ausência... 
Que silentes as casas... que desesperado o crepúsculo 
A desfolhar as primeiras pétalas de treva...

Oggi la patina del tempo copre anche il cielo d’autunno 
Per il tuo funerale d’angioletto, bambino morto 
Bambino morto per i declivi di Ouro Preto 
Cullino il tuo sonno queste vecchie pietre per dove s’insinua 
La tua cassettina tremula, addobbata in bianco e rosa. 
Niente rose per il tuo sonno, bambino morto 
Bambino morto per i declivi di Ouro Preto. 
Niente rose per dar colore al tuo viso di cera 
Alle tue manine in preghiera, ai tuoi corti capelli biondi... 
Apri bene i tuoi occhi opachi, bambino morto 
Bambino morto per i declivi di Ouro Preto. 
Sopra di te il cielo è antico, non ti capisce. 
Ma presto avrai, nel Cimitero di Mercês-de-Cima 
Lumache e millepiedi per giocare come piaceva a te 
Sui vecchi terreni abbandonati, bambino morto 
Bambino morto sui declivi di Ouro Preto. 
Ah, piccolo cadavere al cospetto del tempo 
Che dolcezza la tua; tu che hai lasciato il mio cuore 
Per far piovere ceneri su questa buia sera... 
Che miseria la tua, bambino morto 
Che negletti i ragazzi che t’accompagnano 
Impugnando fiori di campo per i declivi di Ouro Preto... 
Com’è rimasto vuoto il mondo con la tua assenza... 
Quanto silenzio nelle case... che disperato il crepuscolo 
Nello sfogliare i primi petali di tenebra...

________________

Lasar Segall
Interno di povera gente (1920)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (432) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (22) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (4) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)