Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto


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Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto
Bambino morto per i declivi di Ouro Preto


Hoje a pátina do tempo cobre também o céu de outono 
Para o teu enterro de anjinho, menino morto 
Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. 
Berçam-te o sono essas velhas pedras por onde se esforça 
Teu caixãozinho trêmulo, aberto em branco e rosa. 
Nem rosas para o teu sono, menino morto 
Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. 
Nem rosas para colorir teu rosto de cera 
Tuas mãozinhas em prece, teu cabelo louro cortado rente... 
Abre bem teus olhos opacos, menino morto 
Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. 
Acima de ti o céu é antigo, não te compreende. 
Mas logo terás, no Cemitério das Mercês-de-Cima 
Caramujos e gongolos da terra para brincar como gostavas 
Nos baldios do velho córrego, menino morto 
Menino morto pelas ladeiras de Ouro Preto. 
Ah, pequenino cadáver a mirar o tempo 
Que doçura a tua; como saíste do meu peito 
Para esta negra tarde a chover cinzas... 
Que miséria a tua, menino morto 
Que pobrinhos os garotos que te acompanham 
Empunhando flores do mato pelas ladeiras de Ouro Preto... 
Que vazio restou o mundo com a tua ausência... 
Que silentes as casas... que desesperado o crepúsculo 
A desfolhar as primeiras pétalas de treva...

Oggi la patina del tempo copre anche il cielo d’autunno 
Per il tuo funerale d’angioletto, bambino morto 
Bambino morto per i declivi di Ouro Preto 
Cullino il tuo sonno queste vecchie pietre per dove s’insinua 
La tua cassettina tremula, addobbata in bianco e rosa. 
Niente rose per il tuo sonno, bambino morto 
Bambino morto per i declivi di Ouro Preto. 
Niente rose per dar colore al tuo viso di cera 
Alle tue manine in preghiera, ai tuoi corti capelli biondi... 
Apri bene i tuoi occhi opachi, bambino morto 
Bambino morto per i declivi di Ouro Preto. 
Sopra di te il cielo è antico, non ti capisce. 
Ma presto avrai, nel Cimitero di Mercês-de-Cima 
Lumache e millepiedi per giocare come piaceva a te 
Sui vecchi terreni abbandonati, bambino morto 
Bambino morto sui declivi di Ouro Preto. 
Ah, piccolo cadavere al cospetto del tempo 
Che dolcezza la tua; tu che hai lasciato il mio cuore 
Per far piovere ceneri su questa buia sera... 
Che miseria la tua, bambino morto 
Che negletti i ragazzi che t’accompagnano 
Impugnando fiori di campo per i declivi di Ouro Preto... 
Com’è rimasto vuoto il mondo con la tua assenza... 
Quanto silenzio nelle case... che disperato il crepuscolo 
Nello sfogliare i primi petali di tenebra...

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Lasar Segall
Interno di povera gente (1920)
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