A Bela Adormecida


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A Bela Adormecida
La Bella Addormentata


Estou alegre e o motivo
beira secretamente à humilhação,
porque aos 50 anos
não posso mais fazer curso de dança,
escolher profissão,
aprender a nadar como se deve.

No entanto, não sei se é por causa das águas,
deste ar que desentoca do chão as formigas aladas,
ou se é por causa dele que volta
e põe tudo arcaico, como a matéria da alma,
se você vai ao pasto,
se você olha o céu,
aquelas frutinhas travosas,
aquela estrelinha nova,
sabe que nada mudou.

O pai está vivo e tosse,
a mãe pragueja sem raiva na cozinha.
Assim que escurecer vou namorar.
Que mundo ordenado e bom!
Namorar quem?
Minha alma nasceu desposada
com um marido invisível.
Quando ele fala roreja
quando ele vem eu sei,
porque as hastes se inclinam.

Eu fico tão atenta que adormeço a cada ano mais.
Sob juramento lhes digo: tenho 18 anos. Incompletos.
Sono allegra e il motivo
rasenta in segreto l’umiliazione,
perché a 50 anni
non posso più fare corsi di danza,
scegliere una professione,
imparare a nuotare come si deve.

Ma intanto, non so se è per colpa dell’acqua,
di quest’aria che stana dai nidi le formiche alate,
o se la causa é di lui che torna
e riporta tutto all’antica, come la sostanza dell’anima,
se tu vai al pascolo,
se tu guardi il cielo,
quelle bacche acidule,
quella stellina nuova,
allora sai che nulla è cambiato.

Il papà è vivo e tossisce,
la mamma borbotta senza acrimonia in cucina.
Appena farà buio andrò a civettare.
Che mondo bello e ordinato!
Civettare con chi?
La mia anima è nata sposata
a un marito invisibile.
Quando lui parla gorgoglia
quando lui viene io lo so,
perché i gambi dei fiori s’inclinano.

Io sono così vigile che m’addormento ogni anno di più.
Sotto giuramento vi dico: ho 18 anni. Non compiuti.
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Robert Bereny
La bella addormentata col vaso nero (1920)
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