A Bela Adormecida


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Adélia Prado »»
 
O pelicano (1987) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


A Bela Adormecida
La Bella Addormentata


Estou alegre e o motivo
beira secretamente à humilhação,
porque aos 50 anos
não posso mais fazer curso de dança,
escolher profissão,
aprender a nadar como se deve.

No entanto, não sei se é por causa das águas,
deste ar que desentoca do chão as formigas aladas,
ou se é por causa dele que volta
e põe tudo arcaico, como a matéria da alma,
se você vai ao pasto,
se você olha o céu,
aquelas frutinhas travosas,
aquela estrelinha nova,
sabe que nada mudou.

O pai está vivo e tosse,
a mãe pragueja sem raiva na cozinha.
Assim que escurecer vou namorar.
Que mundo ordenado e bom!
Namorar quem?
Minha alma nasceu desposada
com um marido invisível.
Quando ele fala roreja
quando ele vem eu sei,
porque as hastes se inclinam.

Eu fico tão atenta que adormeço a cada ano mais.
Sob juramento lhes digo: tenho 18 anos. Incompletos.
Sono allegra e il motivo
rasenta in segreto l’umiliazione,
perché a 50 anni
non posso più fare corsi di danza,
scegliere una professione,
imparare a nuotare come si deve.

Ma intanto, non so se è per colpa dell’acqua,
di quest’aria che stana dai nidi le formiche alate,
o se la causa é di lui che torna
e riporta tutto all’antica, come la sostanza dell’anima,
se tu vai al pascolo,
se tu guardi il cielo,
quelle bacche acidule,
quella stellina nuova,
allora sai che nulla è cambiato.

Il papà è vivo e tossisce,
la mamma borbotta senza acrimonia in cucina.
Appena farà buio andrò a civettare.
Che mondo bello e ordinato!
Civettare con chi?
La mia anima è nata sposata
a un marito invisibile.
Quando lui parla gorgoglia
quando lui viene io lo so,
perché i gambi dei fiori s’inclinano.

Io sono così vigile che m’addormento ogni anno di più.
Sotto giuramento vi dico: ho 18 anni. Non compiuti.
________________

Robert Bereny
La bella addormentata col vaso nero (1920)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alberto Pimenta (12) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antonio Brasileiro (41) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (109) Casimiro de Brito (40) Cassiano Ricardo (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (48) Hilda Hilst (41) Iacyr Anderson Freitas (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (467) Pássaro de vidro (52) Pedro Mexia (40) Poemas dos dias (28) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (40) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Knopfli (43) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)