Ninguém saberá da secura de nossos olhos...


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Ninguém saberá da secura de nossos olhos...
Nessuno saprà dell’arsura dei nostri occhi...


Ninguém saberá da secura de nossos olhos
da dureza de nossa boca ninguém saberá
do fio das unhas da dor no dente
do sangue guardado no fundo da gaveta

ninguém adivinhará os jardins atrás do muro fechado
ninguém quebrará o ferro do portão
ninguém violentará o secreto
ninguém te tocará profundamente
ninguém te saberá
ninguém.

Por isso olhamos as nuvens
sentados ao vento que não sopra
enquanto os balanços rangem
os rádios cantam
e a rua intocável como um quadro
pintado por outro.

Por isso olhamos em volta
e o que se passa além de nossa [uma palavra ilegível]
não nos soluciona
(ninguém sabe
ninguém saberá).

O caule quebrado do girassol
o livro de Toynbee sobre os degraus
a caneta riscando o papel
as nuvens
a tarde
a rua

o medo.
Nessuno saprà dell’arsura dei nostri occhi
dell’asprezza della nostra bocca nessuno saprà
del filo delle unghie del male al dente
del sangue custodito nel fondo del cassetto

nessuno immaginerà i giardini dietro il muro chiuso
nessuno spezzerà il chiavistello del portone
nessuno violerà il segreto
nessuno ti toccherà nel profondo
nessuno ti riconoscerà
nessuno.

Perciò osserviamo le nuvole
seduti nel vento che non spira
mentre cigolano le altalene
le radio cantano
e la strada è intangibile come un quadro
dipinto da un altro.

Perciò ci guardiamo attorno
e ciò che succede al di là della nostra [parola illeggibile]
non ci dà soluzioni
(nessuno sa
nessuno saprà).

Lo stelo spezzato del girasole
il libro di Toynbee sopra i gradini
la penna che graffia la carta
le nuvole
la sera
la strada

la paura.
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Vassily Kandinsky
Einige Spitzen (1925)
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