A Génese do amor


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Ana Luísa Amaral »»
 
A Génese do amor (2005) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


A Génese do amor
La genesi dell’amore


Talvez um intervalo cósmico
a povoar, sem querer, a vida:
talvez quasar que a inundou de luz,
retransformou em matéria tão densa
que a cindiu,
a reteve, suspensa,
pelo espaço –

Eram formas cadentes
como estas:

Imagens como abóbadas de céu,
de espanto igual ao espanto em que nasceram
as primeiras perguntas sobre os deuses,
o zero, o universo,
a solidez da terra, redonda e luminosa,
esperando Adamastores que a domestiquem,
ou fogos-fátuos incendiando olhares,
ou marinheiros cegos, ávidos de luz,
da linha que, em compasso,
divide céu e
mar

Quasar é pouco, porque a palavra rasa
o que a pele descobriu. E a pele
também não chega:
pequeno meteoro em implosão

Estátua em lume, talvez,
à espera, a paz (ainda que haja ausente
crença ou fé), e, profano, o desenho
desses estranhos bichos,
semi-monges, malditos,
deslumbrados,
e uma visão, talvez,
na penumbra serena de algum
claustro

Talvez assim tivesse algum
sentido
a génese do amor
Forse fu un intervallo cosmico
a popolare, senza volerlo, la vita:
forse un quasar che la inondò di luce,
la ritrasformò in materia tanto densa
da scinderla,
la trattenne, sospesa,
nello spazio –

Erano forme cadenti
come queste:

Immagini, come volte celesti,
dello stupore uguale a quello stupore da cui nacquero
le prime domande sugli dei,
lo zero, l’universo,
la solidità della terra, rotonda e luminosa,
in attesa di Adamastori che l’addomestichino,
o fuochi fatui che abbagliano gli sguardi,
o marinai ciechi, avidi di luce,
della linea che, uniforme,
divide cielo e
mare

Quasar è poco, perché la parola appiattisce
ciò che la pelle ha scoperto. E neppure
la pelle è sufficiente:
piccolo meteorite in implosione

Statua in fiamme, forse,
in attesa, la pace (pur nell’assenza
di credenza o fede), e, profano, il disegno
di questi strani animali,
mezzi monaci, maledetti,
allucinati,
e una visione, forse,
nella penombra serena di un
chiostro

Forse così avrebbe un
senso
la genesi dell’amore
________________

Alberto Burri
Totem. Il grande volo (1952)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (107) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (434) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (18) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)