A Génese do amor


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A Génese do amor
La genesi dell’amore


Talvez um intervalo cósmico
a povoar, sem querer, a vida:
talvez quasar que a inundou de luz,
retransformou em matéria tão densa
que a cindiu,
a reteve, suspensa,
pelo espaço –

Eram formas cadentes
como estas:

Imagens como abóbadas de céu,
de espanto igual ao espanto em que nasceram
as primeiras perguntas sobre os deuses,
o zero, o universo,
a solidez da terra, redonda e luminosa,
esperando Adamastores que a domestiquem,
ou fogos-fátuos incendiando olhares,
ou marinheiros cegos, ávidos de luz,
da linha que, em compasso,
divide céu e
mar

Quasar é pouco, porque a palavra rasa
o que a pele descobriu. E a pele
também não chega:
pequeno meteoro em implosão

Estátua em lume, talvez,
à espera, a paz (ainda que haja ausente
crença ou fé), e, profano, o desenho
desses estranhos bichos,
semi-monges, malditos,
deslumbrados,
e uma visão, talvez,
na penumbra serena de algum
claustro

Talvez assim tivesse algum
sentido
a génese do amor
Forse fu un intervallo cosmico
a popolare, senza volerlo, la vita:
forse un quasar che la inondò di luce,
la ritrasformò in materia tanto densa
da scinderla,
la trattenne, sospesa,
nello spazio –

Erano forme cadenti
come queste:

Immagini, come volte celesti,
dello stupore uguale a quello stupore da cui nacquero
le prime domande sugli dei,
lo zero, l’universo,
la solidità della terra, rotonda e luminosa,
in attesa di Adamastori che l’addomestichino,
o fuochi fatui che abbagliano gli sguardi,
o marinai ciechi, avidi di luce,
della linea che, uniforme,
divide cielo e
mare

Quasar è poco, perché la parola appiattisce
ciò che la pelle ha scoperto. E neppure
la pelle è sufficiente:
piccolo meteorite in implosione

Statua in fiamme, forse,
in attesa, la pace (pur nell’assenza
di credenza o fede), e, profano, il disegno
di questi strani animali,
mezzi monaci, maledetti,
allucinati,
e una visione, forse,
nella penombra serena di un
chiostro

Forse così avrebbe un
senso
la genesi dell’amore
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Alberto Burri
Totem. Il grande volo (1952)
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