Winter night


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Winter night
Winter night


A meio da tarde o dia ainda não foi encetado,
parece barricar-se nas folhas moles
dalgum livro. Tu já sabes como eu gosto dos cafés
nas horas de pouco movimento. Os empregados
podem entregar-se a querelas ruidosas nessa altura
e os reformados na mesa do fundo vão dizer em voz alta
aquilo que pensam sobre o governo.

Ao princípio da noite é como ter sangue
nas mãos. Talvez o tempo ainda se componha, talvez
 possa
telefonar a um amigo. É certo que nas ruas se torna mais
 fácil
distrair o medo, há sempre espaço onde pousar
a cabeça. Mas em que me torno no quarto quando não
 estás
a olhar? O cheiro da comida flutua ainda pelos corredores,
sente-se o peso que dorme no escuro até às entranhas.
Se pudesses ver como isso às vezes me magoa.
A metà pomeriggio il giorno non s’è ancora svegliato,
pare che si sia barricato tra le pagine molli
di qualche libro. Tu sai bene quanto mi piacciono i caffè
nelle ore di scarso movimento. I camerieri
possono abbandonarsi a proteste chiassose a quel punto
e i pensionati del tavolo in fondo proclamano ad alta voce
quello che pensano del governo.

Quando comincia la notte è come aver le mani
sporche di sangue. Forse il tempo può ancora aggiustarsi,
 forse posso
telefonare a un amico. Di certo per strada diventa più
 facile
distrarre la paura, c’è sempre un posto dove appoggiare
la testa. Ma nella stanza a chi chiedo aiuto quando tu non
 sei qui
a guardare? L’odore di cibo ristagna ancora nei corridoi,
se ne sente il peso che dorme al buio fin dentro le viscere.
Se tu potessi vedere quanto tutto ciò a volte mi deprime.
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Vincent van Gogh
La camera da letto ad Arles (1888)
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