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Fotografias
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Fotografie
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Nesta vida — é um facto — estamos sempre
a desaprender coisas novas. O mundo vai guardando a luz nas suas bainhas negras e temos a melindrosa companhia dos fantasmas que nos procuraram: eles governam rudemente os nossos pequenos reinos e há um ceptro novo para cada coroação. De repente, com a volta das estações, damos por nós muito mais velhos nas fotografias. As razões que nos assistiam empalidecem em paisagens cruelmente coagidas pela luz. Fomos expulsos dos grandes palácios da alegria? Onde estão os mapas que nos guiavam lá dentro, exactos como o instinto? Não sabemos responder: o caminho turva-se: são as incertezas da maturidade. As palavras não nos iluminam e o amor está condenado aos defeitos naturais do coração, que ainda assim há-de voltar a arder sem defesa nem socorro uma vez mais. |
In questa vita — è un fatto — non finiamo mai
di disimparare cose nuove. Il mondo salvaguarda la luce nelle sue nere fondine e a noi resta l’evanescente compagnia dei fantasmi che ci cercano: essi governano rudemente i nostri piccoli regni e c’è uno scettro nuovo ad ogni incoronazione. D’un tratto, col mutare delle stagioni, ci scopriamo molto più vecchi nelle fotografie. Le motivazioni che ci animavano impallidiscono in scenari crudelmente condizionati dalla luce. Siamo stati espulsi dai grandi palazzi della gioia? Dove sono le mappe che ci guidavano là dentro, esatte come l’istinto? Non sappiamo rispondere: il cammino s’oscura: sono le incertezze della maturità. Le parole non c’illuminano e l’amore è relegato tra i difetti naturali del cuore, che tuttavia deve tornare ad ardere senza difesa né ausilio un’altra volta. |
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Felice Casorati Gli scolari (1927-1928) |
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