________________
|
Pedido quase uma prece
|
Supplica quasi una preghiera
|
Senhor, ajudai-nos a construir a nossa casa
Com janelas de aurora e árvores no quintal –
Árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
E ao crepúsculo fiquem cinzentas como a roupa
dos pescadores.
O que desejo é apenas uma casa.
Em verdade, não é necessário que seja azul, nem que
tenha cortinas de rendas.
Em verdade, nem é necessário que tenha cortinas.
Quero apenas uma casa em uma rua sem nome.
Sem nome, porém honrada, Senhor.
Só não dispenso a árvore,
Porque é a mais bela coisa que
nos destes e a menos amarga.
Quero de minha janela sentir
os ventos pelos caminhos, e ver o sol
dourando os cabelos negros e os olhos de minha amada.
Também a minha amada não dispenso, meu Senhor.
Em verdade ela é a parte mais importante deste poema.
Em verdade vos digo, e bastante constrangido,
Que sem ela a casa também eu não queria, e voltava
pra pensão.
Ao menos, na pensão, eu tenho meus amigos
E a dona é sempre uma senhora do interior que tem
uma filha alegre.
Eu adoro menina alegre, e daí podeis muito bem deduzir
Que para elas eu corro nas minhas horas de aflição.
Nas minhas solidões de amor e nas minhas solidões
do pecado
Sempre fujo para elas, quando não fujo delas, de noite,
E vou procurar prostitutas. Oh, Senhor vós bem sabeis
Como amarga a vida de um homem o carinho
das prostitutas!
Vós sabeis como tudo amarga naquelas vestes amassadas
Por tantas mãos truculentas ou tímidas ou cabeludas
Vós bem sabeis tudo isso, e portanto permiti
Que eu continue sonhando com a minha casinha azul.
Permiti que eu sonhe com a minha amada também, porque:
– De que me vale ter casa sem ter mulher amada dentro?
Permiti que eu sonhe com uma que ame andar sobre
os montes descalça
E quando me vier beijar faça-o como se vê nos cinemas…
O ideal seria uma que amasse fazer comparações
de nuvens com vestidos, e peixes com avião;
Que gostasse de passarinho pequeno, gostasse de
escorregar no corrimão da escada
E na sombra das tardes viesse pousar
Como a brisa nas varandas abertas…
O ideal seria uma menina boba: que gostasse de ver folha
cair de tarde…
Que só pensasse coisas leves que nem existem na terra,
E ficasse assustada quando ao cair da noite
Um homem lhe dissesse palavras misteriosas…
O ideal seria uma criança sem dono, que aparecesse
como nuvem,
Que não tivesse destino nem nome – senão que um
sorriso triste
E que nesse sorriso estivessem encerrados
Toda a timidez e todo o espanto das crianças que não
têm rumo…
…………………………………………………..
Senhor, ajudai-nos a construir a nossa casa
Com janelas de aurora e árvores no quintal –
Árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
E ao crepúsculo fiquem cinzentas como a roupa
dos pescadores…
Com janelas de aurora e árvores no quintal –
Árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
E ao crepúsculo fiquem cinzentas como a roupa
dos pescadores.
O que desejo é apenas uma casa.
Em verdade, não é necessário que seja azul, nem que
tenha cortinas de rendas.
Em verdade, nem é necessário que tenha cortinas.
Quero apenas uma casa em uma rua sem nome.
Sem nome, porém honrada, Senhor.
Só não dispenso a árvore,
Porque é a mais bela coisa que
nos destes e a menos amarga.
Quero de minha janela sentir
os ventos pelos caminhos, e ver o sol
dourando os cabelos negros e os olhos de minha amada.
Também a minha amada não dispenso, meu Senhor.
Em verdade ela é a parte mais importante deste poema.
Em verdade vos digo, e bastante constrangido,
Que sem ela a casa também eu não queria, e voltava
pra pensão.
Ao menos, na pensão, eu tenho meus amigos
E a dona é sempre uma senhora do interior que tem
uma filha alegre.
Eu adoro menina alegre, e daí podeis muito bem deduzir
Que para elas eu corro nas minhas horas de aflição.
Nas minhas solidões de amor e nas minhas solidões
do pecado
Sempre fujo para elas, quando não fujo delas, de noite,
E vou procurar prostitutas. Oh, Senhor vós bem sabeis
Como amarga a vida de um homem o carinho
das prostitutas!
Vós sabeis como tudo amarga naquelas vestes amassadas
Por tantas mãos truculentas ou tímidas ou cabeludas
Vós bem sabeis tudo isso, e portanto permiti
Que eu continue sonhando com a minha casinha azul.
Permiti que eu sonhe com a minha amada também, porque:
– De que me vale ter casa sem ter mulher amada dentro?
Permiti que eu sonhe com uma que ame andar sobre
os montes descalça
E quando me vier beijar faça-o como se vê nos cinemas…
O ideal seria uma que amasse fazer comparações
de nuvens com vestidos, e peixes com avião;
Que gostasse de passarinho pequeno, gostasse de
escorregar no corrimão da escada
E na sombra das tardes viesse pousar
Como a brisa nas varandas abertas…
O ideal seria uma menina boba: que gostasse de ver folha
cair de tarde…
Que só pensasse coisas leves que nem existem na terra,
E ficasse assustada quando ao cair da noite
Um homem lhe dissesse palavras misteriosas…
O ideal seria uma criança sem dono, que aparecesse
como nuvem,
Que não tivesse destino nem nome – senão que um
sorriso triste
E que nesse sorriso estivessem encerrados
Toda a timidez e todo o espanto das crianças que não
têm rumo…
…………………………………………………..
Senhor, ajudai-nos a construir a nossa casa
Com janelas de aurora e árvores no quintal –
Árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
E ao crepúsculo fiquem cinzentas como a roupa
dos pescadores…
Signore, aiutateci a costruire la nostra casa
Con finestre all’aurora e alberi in cortile –
Alberi che in primavera si ricoprano tutti di fiori
E al crepuscolo diventino grigi come i vestiti
dei pescatori.
Non desidero altro che una casa.
In verità, non è necessario che sia azzurra, né che abbia
le tende di pizzo.
In verità, non è neppure necessario che abbia le tende.
Non chiedo che una casa in una via senza nome.
Senza nome, ma onorata, Signore.
Solo dall’albero non prescindo,
Perché è la più bella cosa che
tu ci hai dato e la meno triste.
Dalla mia finestra vorrei sentire
i venti per le strade, e vedere il sole
dorare i capelli neri e gli occhi della mia amata.
Neppure dalla mia amata prescindo, mio Signore.
In verità è lei la parte più importante di questa poesia.
In verità vi dico, e un poco imbarazzato,
Che senza di lei non vorrei neanche la casa, e tornerei
alla pensione.
Per lo meno, alla pensione, ho i miei amici
E la padrona è sempre una signora dell’interno che ha
una figlia vivace.
Io adoro le bambine vivaci, e quindi potete ben capire
Che è da loro che io corro nelle mie ore d’angoscia.
Nelle mie solitudini d’amore e nelle mie solitudini
di peccato
Sempre da loro io fuggo, pur se a volte le sfuggo, di notte,
E vado in cerca di prostitute. Oh, Signore, voi ben sapete
Come perturbano la vita di un uomo le premure
delle prostitute!
Voi sapete come tutto turba in quelle vesti sgualcite
Da tante mani truculente o timide o pelose
Voi ben sapete tutto questo, e dunque consentite
Che io continui sognando la mia casetta azzurra.
Permettete anche che io sogni la mia amata, perché:
– A che mi serve aver casa senza aver dentro l’amata?
Permettetemi di sognarne una che adori camminare scalza
sui monti
E che, quando mi bacerà, lo faccia come si vede al cinema…
L’ideale sarebbe una che amasse fare paragoni tra nuvole
e vestiti, e tra pesci e aeroplani;
Una a cui piacessero gli uccelletti piccoli, a cui piacesse
scivolare sul corrimano della scala
E all’ombra della sera venisse a riposarsi
Come la brezza nelle verande aperte…
L’ideale sarebbe una ragazza semplice: a cui piacesse
vedere una foglia che cade di sera…
Che pensasse soltanto a cose lievi che non esistono in terra,
E rimanesse attonita quando al calar della notte
Un uomo le dicesse parole misteriose…
L’ideale sarebbe una fanciulla senza padrone, che apparisse
come una nuvola,
Che non avesse né destino né nome – nient’altro che un
sorriso triste
E che in questo sorriso fossero racchiusi
Tutta la timidezza e tutto lo stupore delle creature che non
hanno una meta…
…………………………………………………..
Signore, aiutateci a costruire la nostra casa
Con finestre all’aurora e alberi in cortile –
Alberi che in primavera si ricoprano tutti di fiori
E al crepuscolo diventino grigiastri come i vestiti
dei pescatori.
Con finestre all’aurora e alberi in cortile –
Alberi che in primavera si ricoprano tutti di fiori
E al crepuscolo diventino grigi come i vestiti
dei pescatori.
Non desidero altro che una casa.
In verità, non è necessario che sia azzurra, né che abbia
le tende di pizzo.
In verità, non è neppure necessario che abbia le tende.
Non chiedo che una casa in una via senza nome.
Senza nome, ma onorata, Signore.
Solo dall’albero non prescindo,
Perché è la più bella cosa che
tu ci hai dato e la meno triste.
Dalla mia finestra vorrei sentire
i venti per le strade, e vedere il sole
dorare i capelli neri e gli occhi della mia amata.
Neppure dalla mia amata prescindo, mio Signore.
In verità è lei la parte più importante di questa poesia.
In verità vi dico, e un poco imbarazzato,
Che senza di lei non vorrei neanche la casa, e tornerei
alla pensione.
Per lo meno, alla pensione, ho i miei amici
E la padrona è sempre una signora dell’interno che ha
una figlia vivace.
Io adoro le bambine vivaci, e quindi potete ben capire
Che è da loro che io corro nelle mie ore d’angoscia.
Nelle mie solitudini d’amore e nelle mie solitudini
di peccato
Sempre da loro io fuggo, pur se a volte le sfuggo, di notte,
E vado in cerca di prostitute. Oh, Signore, voi ben sapete
Come perturbano la vita di un uomo le premure
delle prostitute!
Voi sapete come tutto turba in quelle vesti sgualcite
Da tante mani truculente o timide o pelose
Voi ben sapete tutto questo, e dunque consentite
Che io continui sognando la mia casetta azzurra.
Permettete anche che io sogni la mia amata, perché:
– A che mi serve aver casa senza aver dentro l’amata?
Permettetemi di sognarne una che adori camminare scalza
sui monti
E che, quando mi bacerà, lo faccia come si vede al cinema…
L’ideale sarebbe una che amasse fare paragoni tra nuvole
e vestiti, e tra pesci e aeroplani;
Una a cui piacessero gli uccelletti piccoli, a cui piacesse
scivolare sul corrimano della scala
E all’ombra della sera venisse a riposarsi
Come la brezza nelle verande aperte…
L’ideale sarebbe una ragazza semplice: a cui piacesse
vedere una foglia che cade di sera…
Che pensasse soltanto a cose lievi che non esistono in terra,
E rimanesse attonita quando al calar della notte
Un uomo le dicesse parole misteriose…
L’ideale sarebbe una fanciulla senza padrone, che apparisse
come una nuvola,
Che non avesse né destino né nome – nient’altro che un
sorriso triste
E che in questo sorriso fossero racchiusi
Tutta la timidezza e tutto lo stupore delle creature che non
hanno una meta…
…………………………………………………..
Signore, aiutateci a costruire la nostra casa
Con finestre all’aurora e alberi in cortile –
Alberi che in primavera si ricoprano tutti di fiori
E al crepuscolo diventino grigiastri come i vestiti
dei pescatori.
________________
|
![]() |
Federico Zandomeneghi Donna al balcone (1912) |
Nessun commento:
Posta un commento