Cabeludinho - 9


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Cabeludinho - 9
Capellone - 9


Entrar na Academia já entrei
mas ninguém me explica por que essa torneira
aberta
neste silêncio de noite
parece poesia jorrando…
Sou bugre mesmo
me explica mesmo
me ensina modos de gente
me ensina a acompanhar um enterro de cabeça baixa
me explica por que um olhar de piedade
cravado na condição humana
não brilha mais que anúncio luminoso?
Qual, sou bugre mesmo
só sei pensar na hora ruim
na hora do azar que espanta até a ave da saudade
Sou bugre mesmo
me explica mesmo
se eu não sei parar o sangue, que que adianta
não ser imbecil ou borboleta?
Me explica por que penso naqueles moleques
como nos peixes
que deixava escapar do anzol
com queixo arrebentado?
Qual, antes melhor fechar esta torneira,
bugre velho…

Entrare in Accademia ormai sono entrato
ma nessuno mi sa spiegare perché questo rubinetto
aperto
in questo silenzio notturno
sembra poesia che sgorga...
Io sono solo un selvaggio
spiegami con chiarezza
insegnami le buone maniere
insegnami a seguire un funerale a testa bassa
spiegami perché uno sguardo pietoso
inchiodato sulla condizione umana
non splende più d’un annuncio luminoso?
Mah, sono solo un selvaggio
So pensare soltanto all’ora crudele
all’ora infausta che spaurisce perfino l'uccello del rimpianto
Sono solo un selvaggio
spiegami bene:
se io non so fermare il sangue, a che giova
non essere un imbecille o una farfalla?
Spiegami perché considero quei monelli
come quei pesci
che lasciavo sfuggire all'amo
con la mascella rotta?
Mah, per prima cosa è meglio chiudere il rubinetto,
vecchio selvaggio...

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