Os ombros suportam o mundo


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Os ombros suportam o mundo
Le spalle sorreggono il mondo


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue,
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.

Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Giunge un tempo in cui non si dice più: mio Dio.
Tempo di assoluta purificazione.
Tempo in cui non si dice più: amore mio.
Perché l'amore è risultato inutile.
E gli occhi non piangono.
E le mani eseguono soltanto il duro lavoro.
E il cuore è inaridito.

Bussano donne invano alla tua porta, non aprirai.
Sei rimasto solo, si è spenta la luce,
ma nell'ombra enormi brillano i tuoi occhi.
Sei tutto certezza, non sai più soffrire.
E non t’aspetti nulla dai tuoi amici.

Poco importa che arrivi la vecchiaia, cos'è la vecchiaia?
Le tue spalle sorreggono il mondo
che non pesa più della mano di un bambino.
Le guerre, la fame, le discussioni tra le pareti
dimostrano solo che la vita continua
e che non tutti si sono ancora liberati.
Alcuni, trovando incivile lo spettacolo,
preferirebbero (i delicati) morire.

E' arrivato un tempo in cui non giova morire.
E' arrivato un tempo in cui la vita è un ordine.
Nient’altro che la vita, senza imposture.

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Giovanni Barbieri detto il Guercino
Atlante (1646)
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