A um Ausente


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A um Ausente
A un assente


Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste?

Ho ragione a sentir rimpianto,
ho ragione ad accusarti.
C’è stato un patto implicito che hai rotto
e senza congedarti sei andato via.
Hai mandato all’aria il patto.
Hai mandato all’aria la vita in generale,
il comune accordo di vivere e di esplorare i sentieri del buio
senza scadenza senza consultazione senza provocazione
finché fosse giunta l’ora giusta per le foglie di cadere.

Hai anticipato quel momento.
Le tue lancette sono impazzite, sono impazziti i nostri momenti.
Che avresti potuto fare di più grave
che un atto senza prosieguo, l’atto in sé,
quell’atto che non osiamo né sappiamo osare
perché dopo non rimane altro che il nulla?

Ho ragione di sentire rimpianto per te,
per la nostra intimità fatta di fraterne conversazioni,
di semplici strette di mano, ma neanche, di voci
che articolavano sillabe logore e banali
che infondevano sempre certezza e sicurezza.

Sì, provo rimpianto.
Sì, ti accuso per aver fatto
quel che non è previsto dalle leggi dell’amicizia e della natura
e non ci hai neanche lasciato il diritto d’indagare
perché l’hai fatto, perché te ne sei andato?

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Leo Santana
Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava (2003)
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