Pátria expatriada


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Pátria expatriada
Patria espatriata


Procuras Portugal em Portugal
e não o encontras e não o vês
lá onde o mal
se afina e o bem se dana e Portugal
já não é português.
 
Procuras Portugal e andas com ele
nos mil destinos do teu destino.
Dói-me na pele.
Babilónia Sião Paris Babel
meu povo peregrino.
 
Seja Babel a Torre Eiffel. Paris
a Babilónia. Sempre Sião
é uma raiz
que dói. Meu Portugal: pátria sem pão
de país em país.
 
Em chão estrangeiro a dor por ministério.
Pátria exportada: Império novo
ou cemitério?
Império da miséria o quinto império.
E o estrangeiro é meu povo.
 
Cá junto deste rio onde Crisfal
mesmo sem Joana perdida a avena
eu digo a pena
de Portugal o Sena passa mas o mal
não passa com o Sena.
 
Canta dentro de mim pátria exilada
com tua fome com teu cansaço
e revoltada
descalça em minha voz nua em meu braço
meu canto minha espada.
 
E vem com tuas mãos com teu lamento.
E vem com tua dor. Despenteia-
-me assim por dentro
do canto onde tu passas como um vento
que passa e que incendeia.
 
Povo que foste ao mar onde colheste
teu fruto amargo: pátria de sal.
E o mal é este:
procuras pelo mundo o Portugal
que em Portugal perdeste.
 
Canta dentro de mim descalça e nua
conta-me tudo quanto te fere. E a
dor da Ibéria
ceifa-a ceifando o pão da lua
que é o pão da miséria.
 
Abre dentro de mim a longa estrada.
Teu coração navio ou asa
teu braço o arado tua mão a espada
vamos: é tempo de voltar a casa.
 
Porque tiveste o mar nada tiveste.
A tua glória foi teu mal.
Não te percas buscando o que perdeste :
procura Portugal em Portugal.

Tu cerchi il Portogallo in Portogallo
e non lo trovi né lo vedi
là dove il male
si raffina e il bene va in rovina e Portogallo
già non è più portoghese.

Tu cerchi il Portogallo e con lui cammini
per i mille destini del tuo destino.
Mi duole sulla pelle
Babilonia Sion Parigi Babele
mio popolo pellegrino.

Che sia Babele la Torre Eiffel. Parigi
la Babilonia. Sempre Sion
è una radice
che fa male. Mio Portogallo: patria senza pane
di paese in paese.

In terra straniera il dolore per ministero.
Patria esportata: nuovo Impero
o cimitero?
Impero della miseria è il quinto impero.
E straniero è il mio popolo.

Qui presso questo fiume ove fu Crisfal
pur senza Joana e senza il flauto
io narro la pena
del Portogallo, passa la Senna ma il male
non passa con la Senna.

Canta dentro di me patria esiliata
con la tua fame con la tua fatica
ed in rivolta
scalza nella mia voce nuda tra le mie braccia
mio canto mia spada.

E vieni con le tue mani con il tuo lamento.
E vieni con il tuo dolore. Spettinami
così come nel profondo
del canto ove tu passi come un vento
che passa e incendia.

Popolo che giungesti al mare ove cogliesti
il tuo amaro frutto: patria di sale.
E il male è questo:
tu vai cercando per il mondo il Portogallo
che in Portogallo hai perso.

Canta dentro di me scalza e nuda
Raccontami tutto ciò che ti ferisce. E
il dolore d’Iberia
falcialo, falciando il pane della luna
che è il pane della miseria.

Apri dentro di me la lunga strada.
Sia il tuo cuore naviglio o ala
il tuo braccio l’aratro, la tua mano la spada
andiamo: è tempo di tornare a casa.

Poiché tu avesti il mare, nulla hai avuto.
La tua gloria ti ha recato danno.
Non perderti cercando ciò che hai perduto:
cerca il Portogallo in Portogallo.

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Giacomo Balla
Velmare o Mare cielo vele (1919)

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