À sombra das árvores milenares


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À sombra das árvores milenares
All’ombra degli alberi millenari


Passaram muitos anos mas não passou
o momento único irrepetível
o som abafado do estilhaço no corpo
o eco estridente do ricochete no metal
o cheiro da pólvora misturado com sangue e terra
o sabor da morte na última viagem de Portugal.

À sombra das árvores milenares ouvi tambores
ouvi o rugido do leão e o zumbido da bala
ouvi as vozes do mato e o silêncio mineral.
E ouvi um jipe que rolava na picada
um jipe sem sentido
na última viagem de Portugal.

Vi o fulgor das queimadas senti o cheiro do medo
o silvo da cobra cuspideira o deslizar da onça
as pacaças à noite como luzes de cidade
a ferida que não fecha o buraco na femural
no meio da selva escura em um lugar sem nome
na última viagem de Portugal.

Soberbo e frágil tempo
intensa vida à beira morte
amores de verão amores de guerra amores perdidos.
Uma ferida por dentro um tinir de cristal
passaram os anos o ser permanece.
Fiz a última viagem de Portugal

Molti anni sono passati ma non è passato
quel momento unico irripetibile
il suono soffocato della scheggia nel corpo
l’eco stridente dell’impatto col metallo
l’odore della polvere mischiato a sangue e terra
il sapore della morte nell’ultimo viaggio dal Portogallo.

All’ombra degli alberi millenari ho sentito tamburi
ho sentito il ruggito del leone e il sibilo del proiettile
ho sentito le voci della foresta e il silenzio minerale.
E ho sentito una jeep che avanzava sulla pista
una jeep senza senso
nell’ultimo viaggio dal Portogallo.

Ho visto il bagliore degli incendi ho sentito l’odore della paura
il soffiare del cobra sputatore lo sgusciare della pantera
i bufali di notte come luci della città
la ferita che non si chiude il buco nella femorale
in mezzo alla selva oscura in un luogo senza nome
nell’ultimo viaggio dal Portogallo.

Tempo superbo e fragile
vita intensa sull’orlo della morte
amori estivi amori di guerra amori perduti.
Una ferita dentro un tintinnare di cristalli
sono passati gli anni, quell’essere persiste.
Ho fatto l’ultimo viaggio dal Portogallo.

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Victor Vasarely
Tigri (1938)
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