Silêncio e Palavra


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Silêncio e Palavra
Silenzio e parola


I
A couraça das palavras
protege o nosso silêncio
e esconde aquilo que somos.

Que importa falarmos tanto?
Apenas repetiremos.

Ademais, nem são palavras.
Sons vazios de mensagem,
são como a fria mortalha
do cotidiano morto.
Como pássaros cansados,
que não encontraram pouso
certamente tombarão.

Muitos verões se sucedem:
o tempo madura os frutos,
branqueia nossos cabelos.
Mas o homem noturno espera
a aurora da nossa boca.

II
Se mãos estranhas romperem
a veste que nos esconde,
acharão uma verdade
em forma não revelável.
(E os homens têm olhos sujos,
não podem ver através.)

Mas um dia chegará
em que a oferenda dos deuses,
dada em forma de silêncio,
em palavra transfaremos.

E se porventura a dermos
ao mundo, tal como a flor
que se oferta – humilde e pura – ,
teremos então cumprido
a missão que é dada ao poeta.
E como são onda e mar,
seremos palavra e homem.

I
La corazza delle parole
protegge il nostro silenzio
e nasconde quello che siamo.

Che importa, se parliamo tanto?
Non faremo che ripeterci.

Del resto, non sono neppure parole.
Sono suoni privi di significato,
come un freddo sudario
sulla morta quotidianità.
Come uccelli esausti,
che non riuscendo a posarsi
non potranno che cadere.

Molte estati si succedono:
il tempo matura i frutti,
inargenta i nostri capelli.
Ma l’uomo notturno aspetta
l’aurora dalla nostra bocca.

II
Se mani ignote lacerassero
la veste che ci nasconde,
troverebbero una verità
in forma non rivelabile.
(Gli uomini hanno occhi opachi,
non possono vederci attraverso.)

Ma verrà un giorno
in cui il dono degli dei,
dato in forma di silenzio,
noi lo trasformeremo in parola.

E se per ipotesi noi la doneremo
al mondo, così come un fiore
che si offre – umile e puro – ,
ecco che avremo compiuto
la missione che spetta al poeta.
E simili all’onda ed al mare,
noi saremo parola e uomini.

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Edward Hopper
Case vicino al mare (1951)
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