A rosa branca


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A rosa branca
La rosa bianca


Não me inquieta se o caminho
que me coube - por secreto
desígnio - jamais floresce.
Dentro de mim, sei que existe,
oculta, uma rosa branca.
Incólume rosa. E branca.

Não pude colhê-la: mal
nascera e logo perdi-me
nos labirintos do tempo,
onde desde então pervago
apenas entressonhando
aquilo que sou - e vive
no recôncavo da rosa.

Sem conhecer-me, padeço
o mistério de existir
em amargo desencontro
comigo mesmo. No entanto,
pesar tão largo se apaga
quando pressinto: na rosa,
mistério não há. Nenhum.

Sem medo de trair-me a face,
posso morrer amanhã.
Extinto o jugo do tempo,
olhos nem boca haverá
- para a queixa e para a lágrima -
se em vez de rosa, de pétala,
cinza de pétala, apenas
existir a escuridão.
O vazio. Nada mais.

Non mi turbo se la strada
che mi spetta - per occulto
disegno - non fiorisce mai.
Dentro di me, so che esiste,
nascosta, una rosa bianca.
Rosa intatta. E bianca.

Non l’ho potuta cogliere: ero
appena nato e subito mi sono perso
nei labirinti del tempo,
ove da allora m’aggiro
fantasticando soltanto
su quello che sono - e che vive
nella cavità della rosa.

Senza conoscermi, soffro
il mistero d’esistere
in amaro conflitto
con me stesso. Eppure,
questa mia grande pena svanisce
quando intuisco, che nella rosa,
mistero non c’è. Nessuno.

Senza timore che il volto mi tradisca
io posso morire domani.
Dissolto il giogo del tempo,
non vi saranno né occhi né bocca
per il lamento e per la lacrima -
se al posto della rosa e dei petali,
cenere di petali, soltanto
l’oscurità esisterà.
Il vuoto. Niente di più.

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René Magritte
Il Vaso di Pandora (1951)
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