Para os que virão


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Thiago de Mello »»
 
Poesia comprometida com a minha e a tua vida (1975) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Para os que virão
Per quelli che verranno


Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.

Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.

Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente -
na primeira e profunda pessoa
do plural.

Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.

É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.

Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.

Dato che poco so e poco sono,
faccio il poco che mi spetta
offrendomi tutto intero.
Sapendo che non vedrò
l´uomo che vorrei essere.

Ho già sofferto abbastanza
per non tradire nessuno:
specialmente quelli che sopportano,
nella propria vita, la morsa
dell’oppressione, senza saperlo.

Non tengo il sole nascosto
nella mia tasca di parole.
Sono soltanto un uomo
per il quale, ormai, la prima
e desolata persona
del singolare, ha rinunciato,
pian piano, penosamente,
ad esistere, per trasformarsi,
- molto più penosamente -
nella prima e profonda persona
del plurale.

Non importa che rincresca: è tempo
di proseguire tenendosi per mano
con chi va verso la stessa meta,
benché ancora sia lontana
è ora d’imparare a coniugare
il verbo amare.

É tempo soprattutto
di cessare d’essere solo
l’isolata avanguardia
di noi stessi.
Si tratta di andare all’incontro
(Dura nel petto, arde la chiara
verità dei nostri errori.)
Si tratta di aprire la strada.

Quelli che verranno, saranno popolo,
e sapranno esserlo, lottando.

________________

Giuseppe Pellizza da Volpedo
Il Quarto Stato (1901)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (11) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)