Aprendizagem no vento


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Thiago de Mello »»
 
Poesia comprometida com a minha e a tua vida (1975) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Aprendizagem no vento
Apprendistato col vento


O vendaval findou.
Agora é só o vento
soprando a sua ferocidade
mais fria do que a pele
enrijecida e azulada
dos operários fuzilados.

O vendaval findou.
Agora é só o vento cotidiano,
implacavelmente morno, hálito podre.
É com ele que se tem de aprender
a lição do revés, vida vivida.

Dos tantos que saíram,
poucos, muito poucos, se reencontrarão
um dia, tomara, naquilo que foram
ou que não puderam ser.
Por enquanto, a cordilheira transposta,
o que se alteia
é o desvario da boca,
é cada vez mais o muro
entre a boca e a mão.

Aos que sonhavam mesmo, vendo o claro,
e que puderam permanecer
no coração ardente da sombra,
cabe o labor maior da aprendizagem.
É aprender com tudo o que foi feito
e também com tudo que deixou de ser feito,
como rasgar o caminho da esperança
que lateja, que lateja,
na frágua da paciência operária.

O vendaval findou. Telhados ocos
não poderão servir de abrigo a pássaros.

Finita è la tempesta.
Adesso è solo il vento
che soffia la sua perfidia
più gelida della pelle
rigida e azzurrata
degli operai fucilati.

Finita è la tempesta.
Adesso è solo il vento quotidiano,
implacabilmente tiepido, alito marcio.
È da lui che si deve imparare
la lezione della sconfitta, vita vissuta.

Dei tanti che partirono,
pochi, molto pochi, si ritroveranno
un giorno, chissà, in ciò che furono
o che non poterono essere.
Frattanto, superata la cordigliera,
ciò che risalta
è l’insania della bocca,
è il muro sempre più alto
tra la bocca e la mano.

A quelli che pure sognarono, vedendo la luce,
e che poterono permanere
nel cuore ardente dell’ombra,
spetta la parte più difficile dell’apprendistato.
È l’apprendere da tutto ciò che è stato fatto
e anche da tutto ciò che si trascurò di fare,
come tracciare il cammino della speranza
che palpita, che palpita,
nella fucina della pazienza operaia.

Finita è la tempesta. Tetti sfondati
non potranno offrire rifugio agli uccelli.

________________

Fernand Léger
I costruttori (1950)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (11) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)