A Tua Morte em Mim


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A Tua Morte em Mim
La tua morte in me


À memória de Raquel Moacir
 
A tua morte é sempre nova em mim.
Não amadurece. Não tem fim.
Se ergo os olhos dum livro, de repente
tu morreste.
Acordo, e tu morreste.
Sempre, cada dia, cada instante,
a tua morte é nova em mim,
sempre impossível.
 
E assim, até à noite final
irás morrendo a cada instante
da vida que ficou fingindo vida.
Redescubro a tua morte como outros
descobrem o amor,
porque em cada lugar, cada momento,
tu estás viva.
 
Viverei até à hora derradeira a tua morte.
Aos goles, lentos goles. Como se fosse
cada vez um veneno novo.
Não é tanto a saudade que dói, mas o remorso.
O remorso de todo o perdido em nossa vida,
coisas de antes e depois, coisas de nunca,
palavras mudas para sempre, um gesto
que sem remédio jamais teve destino,
o olhar que procura e nunca tem resposta.
 
O único presente verdadeiro é teres partido.

In memoria di Raquel Moacir
 
La tua morte è sempre nuova in me.
Non matura. Non ha fine.
Se alzo gli occhi da un libro, d’un tratto
tu sei morta.
Mi sveglio, e tu sei morta.
Sempre, ogni giorno, ad ogni istante,
la tua morte è nuova in me,
sempre impossibile.
 
E così, fino alla notte finale
tu continuerai a morire ad ogni istante
della vita rimasta fingendosi vita.
Riscopro la tua morte come altri
scoprono l’amore,
perché in ogni luogo, in ogni momento,
tu sei viva.
 
Vivrò fino all’ora estrema la tua morte.
A sorsi, lenti sorsi. Come se fosse
ogni volta un veleno nuovo.
Non è tanto il rimpianto che duole, ma il rimorso.
Il rimorso di tutto ciò ch'è andato perso nella nostra vita,
cose di prima e di poi, cose di mai,
parole mute per sempre, un gesto
che irrimediabilmente non fu mai concluso,
lo sguardo che implora senza ottener risposta.
 
L’unico vero presente é che tu sei partita.

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Emilio Pettoruti
Pensierosa (1920)
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