Latinamerica


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Latinamerica
America Latina


sou infecto
e estou cheio de impurezas
como meu povo
o povo que me povoa
de olfatos e memórias
de olvidos e quimeras
de azaleias azuis e cançonetas
o povo que em mim soergue povoados e aldeias
e esculpe acidentes geográficos em minha carne
falando línguas que não falo
escrevendo palavras que não escrevo
como um trem de vapor
planando sobre os caminhos de uma terra virgem
e hesita e segue rumando adentro do invisível
mais que há em nós
garimpando luares
num rio de noites

códices
máscaras
espectros
totens
pássaros
mosaicos
verdes
latitudes
lavras
povos
llamas
bisões
lanças
pirâmides

cântaros
instrumentos
escrevendo palavras de nuvens e advento
na boca de uma civilização

sou infecto
como a lâmina afiada invisível que em mim
(que nos nós profundos)
fronteira o sim e o não
e sei antes que o tempo fosse tempo
que não se nasce impunemente
a moeda com que se cunha um continente

mas estou contrito com o horizonte
com as pedras de Machu Picchu e Cuzco
com o cobre por sobre o sol que cobre o Atacama
com o coqueiral verde-oliva na ilha de meus sonhos
o bananal verde-claro por sob seu crepúsculo

sou infecto
e espero a chuva que não molha
a chuva que não cai do céu
a chuva que não lava
a chuva que um dia resplandecerá em mim um dia límpido
 de maio
sono infetto
e sono pieno di impurità
come il mio popolo
il popolo che mi popola
di odori e di memorie
di oblii e di chimere
di azalee blu e di canzonette
il popolo che in me erige borghi e villaggi
e scolpisce dettagli geografici nella mia carne
parlando lingue che non parlo
scrivendo parole che non scrivo
come un treno a vapore
che plana sopra i sentieri di una terra vergine
ed esita e prosegue fin dentro al punto più invisibile
che c’è in noi
estraendo chiari di luna
in un fiume di notti

codici
maschere
spettri
totem
uccelli
mosaici
verdi
latitudini
campi
popoli
lama
bisonti
lance
piramidi

anfore
strumenti
che scrivono parole di nuvole e finisco
nelle fauci di una civiltà

sono infetto
come l’invisibile lama affilata che in me
(che nel profondo di noi)
segna il confine tra il sì e il no
e so da prima che il tempo fosse tempo
che non nasce impunemente
la moneta con cui si conia un continente

ma me ne sto contrito davanti all’orizzonte
alle pietre di Machu Picchu e Cuzco
al rame sovrastato dal sole che copre l’Atacama
al palmeto verde-oliva sull’isola dei miei sogni
al bananeto verde chiaro sotto la luce del suo crepuscolo

sono infetto
e aspetto la pioggia che non bagna
la pioggia che non cade dal cielo
la pioggia che non lava
la pioggia che un giorno risplenderà in me in un limpido
 giorno di maggio
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Diego Rivera
Paesaggio zapatista (Il guerrigliero) (1915)
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