________________
|
Heróicas - VII
|
Eroiche - VII
|
(Junto a minha voz ao coro dos poetas mais novos.
Recuso-me a ter mais de vinte anos.) Não, não queremos cantar as canções azuis dos pássaros moribundos. Preferimos andar aos gritos para que os homens nos entendam na escuridão das raízes. Aos gritos como os pescadores quando puxam as redes em tardes de fome pitoresca para quadros de exposição. Aos gritos como os fogueiros que se lançam vivos nas fornalhas para que os navios cheguem intactos aos destinos dos outros. Aos gritos como os escravos que arrastaram as pedras no Deserto para o grande monumento à Dor Humana do Egipto. Aos gritos como o idílio dum operário e duma operária a falarem de amor ao pé duma máquina de tempestade a soluçar cidades de fome na cólera dos ruídos... Aos gritos, sim, aos gritos. E não há melhor orgulho do que o nosso destino de nascer em todas as bocas... ... Nós, os poetas viris que trazemos nos olhos as lágrimas dos outros. |
(Unisco la mia voce al coro dei poeti più giovani.
Mi rifiuto d’aver più di vent’anni.) No, non vogliamo cantare le azzurre canzoni degli uccelli morenti. Preferiamo procedere gridando perché gli uomini ci capiscano nell’oscurità delle radici. Gridando come i pescatori quando tirano le reti in giorni di penuria pittoresca per quadri d’esposizione. Gridando come i fochisti che si lanciano vivi dentro le caldaie affinché le navi giungano indenni alle destinazioni degli altri. Gridando come gli schiavi che trascinarono le pietre nel Deserto per il grande monumento all’Umano Dolore dell’Egitto. Gridando come nell’idillio d’un operaio e d’una operaia che parlano d’amore davanti ad una macchina di tempesta che singhiozza per città affamate nella collera dei boati... Gridare, sì, gridare. E non v’è maggior orgoglio per il nostro destino che nascere sulle bocche di tutti... ... Noi, gl’impavidi poeti che portano negli occhi le lacrime degli altri. |
________________
|
Francisco Goya La forgia (1815-1820) |
Nessun commento:
Posta un commento