O que se cala por bem...


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O que se cala por bem...
Ciò che con cura si tace...


O que se cala por bem vai perdendo
A inocência que se possa acomodar numa espécie
 de silêncio.
À sua sombra cresce –
Quase se poderia dizer que cresce
À sombra do invisível, do inaudível –
Mas cresce uma ameaça que ganha corpo e se adensa.
Tudo o que se calou apodrece,
Empesta e envenena, acidula e corrompe,
Em breve os seus vermes estarão por toda a parte.
O que calaste fala continuamente
Contigo, lateja em protesto incomodo.
Poderás morrer sobre o peso residual
De tudo o que não disseste.
Tantas palavras adormecidas por conveniência
Não dormem, têm uma gravidade pestífera
Que te abraça para o fundo.
De algum modo, passaram para o outro lado do espelho,
São uma presença que acompanha
A imagem da sua própria ausência
E os lábios movem-se em formas mudas,
Obstinada recusa do teu silêncio.

Ciò che con cura si tace finisce col perdere
L’innocenza, che si possa raccogliere in una specie
 di silenzio.
Alla sua ombra cresce –
Quasi si potrebbe dire che cresce
All’ombra dell’invisibile, dell’inudibile –
Ma cresce una minaccia che prende corpo e s’addensa.
Tutto ciò che s’è taciuto marcisce,
Appesta e avvelena, inacidisce e corrompe,
Presto i suoi vermi saranno dappertutto.
Ciò che hai taciuto parla continuamente
Con te, palpita in molesta lagnanza.
Potrai morire per il peso eccedente
Di tutto ciò che non hai detto.
Tante parole addormentate per convenienza
Non dormono, hanno una gravità deleteria
Che ti abbraccia trascinandoti a fondo.
In qualche modo, sono passate dall’altro lato dello specchio,
Sono una presenza che accompagna
L’immagine della propria assenza
E le labbra tacitamente si muovono,
Ostinata ripulsa del tuo silenzio.

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Mattia Moreni
Autoritratto n°5 (1988)
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