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Segunda canção de muito longe
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Seconda canzone venuta da molto lontano
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Havia um corredor que fazia cotovelo:
Um mistério encanando com outro mistério, no escuro…
Mas vamos fechar os olhos
E pensar numa outra cousa...
Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado
das correntes no algibe,
Puxando a água fresca e profunda.
Havia no arco do algibe trepadeiras trêmulas.
Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomes
uns dos outros,
E lá dentro as palavras ressoavam fortes, cavernosas
como vozes de leões.
Nós éramos quatro, uma prima, dois negrinhos e eu.
Havia os azulejos, o muro do quintal, que limitava
o mundo,
Uma paineira enorme e, sempre e cada vez mais, os grilos
e as estrelas...
Havia todos os ruídos, todas as vozes daqueles tempos...
As lindas e absurdas cantigas, tia Tula ralhando
os cachorros,
O chiar das chaleiras...
Onde andará agora o pince-nez da tia Tula
Que ela não achava nunca?
A pobre não chegou a terminar o Toutinegra do Moinho,
Que saía em folhetim no Correio do Povo!...
A última vez que a vi, ela ia dobrando aquele corredor
escuro.
Ia encolhida, pequenininha, humilde. Seus passos
não faziam ruído.
E ela nem se voltou para trás!
Um mistério encanando com outro mistério, no escuro…
Mas vamos fechar os olhos
E pensar numa outra cousa...
Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado
das correntes no algibe,
Puxando a água fresca e profunda.
Havia no arco do algibe trepadeiras trêmulas.
Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomes
uns dos outros,
E lá dentro as palavras ressoavam fortes, cavernosas
como vozes de leões.
Nós éramos quatro, uma prima, dois negrinhos e eu.
Havia os azulejos, o muro do quintal, que limitava
o mundo,
Uma paineira enorme e, sempre e cada vez mais, os grilos
e as estrelas...
Havia todos os ruídos, todas as vozes daqueles tempos...
As lindas e absurdas cantigas, tia Tula ralhando
os cachorros,
O chiar das chaleiras...
Onde andará agora o pince-nez da tia Tula
Que ela não achava nunca?
A pobre não chegou a terminar o Toutinegra do Moinho,
Que saía em folhetim no Correio do Povo!...
A última vez que a vi, ela ia dobrando aquele corredor
escuro.
Ia encolhida, pequenininha, humilde. Seus passos
não faziam ruído.
E ela nem se voltou para trás!
C’era un corridoio che faceva un gomito:
Un mistero che confluiva in un altro mistero, al buio...
Ma chiudiamo gli occhi
E pensiamo a qualcos’altro...
Sentiremo il modulato rumore, il rumore strisciante delle
catene del pozzo,
Nell’attingere l’acqua fresca e profonda.
C’erano sull’arco del pozzo dei rampicanti tremuli.
Noi ci sporgevamo sul bordo, gridando i nomi l’uno
dell’altro,
E là dentro le parole risuonavano forti, cavernose come
voci di leoni.
Noi eravamo quattro, una cugina, due negretti ed io.
C’erano delle piastrelle sul muro del cortile, che segnava
il limite del mondo,
Un’enorme magnolia e, ogni volta sempre di più, i grilli
e le stelle...
C’erano tutti i rumori, tutte le voci di quei tempi...
Le belle e assurde cantilene, zia Tula che sgridava
i cani,
Il sibilo dei bollitori...
Dove si sarà cacciato ora il pince-nez della zia Tula
Che lei non trovava mai?
La poverina non terminò mai la «Capinera del Mulino»,
Che usciva a puntate sulla Gazzetta del Popolo!...
L’ultima volta che l’ho vista, si stava allontanando lungo
quel corridoio buio.
Camminava contratta, minuscola, umile. I suoi passi non
facevano rumore.
E non s’è mai girata indietro!
Un mistero che confluiva in un altro mistero, al buio...
Ma chiudiamo gli occhi
E pensiamo a qualcos’altro...
Sentiremo il modulato rumore, il rumore strisciante delle
catene del pozzo,
Nell’attingere l’acqua fresca e profonda.
C’erano sull’arco del pozzo dei rampicanti tremuli.
Noi ci sporgevamo sul bordo, gridando i nomi l’uno
dell’altro,
E là dentro le parole risuonavano forti, cavernose come
voci di leoni.
Noi eravamo quattro, una cugina, due negretti ed io.
C’erano delle piastrelle sul muro del cortile, che segnava
il limite del mondo,
Un’enorme magnolia e, ogni volta sempre di più, i grilli
e le stelle...
C’erano tutti i rumori, tutte le voci di quei tempi...
Le belle e assurde cantilene, zia Tula che sgridava
i cani,
Il sibilo dei bollitori...
Dove si sarà cacciato ora il pince-nez della zia Tula
Che lei non trovava mai?
La poverina non terminò mai la «Capinera del Mulino»,
Che usciva a puntate sulla Gazzetta del Popolo!...
L’ultima volta che l’ho vista, si stava allontanando lungo
quel corridoio buio.
Camminava contratta, minuscola, umile. I suoi passi non
facevano rumore.
E non s’è mai girata indietro!
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Laurits Andersen Ring A colazione (1898) |
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