Às dez da noite, procurei...


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Às dez da noite, procurei...
Alle dieci di notte, cercai...


Às dez da noite, procurei uma igreja aberta,
Não em busca do reino dos céus,
Mas para estar mais perto da terra.
Então, aí, à luz de círios,
Os contornos do silêncio tremulam
E a paixão é quase palpável
E goteja cristais destilados
No cálice do coração,
Por entre o movimento roçagante
Das figuras nos vitrais,
Que parecem abeirar-se,
Movidas por curiosidade.
As preces sussurram como trigais
E a dor é a figura maternal
Junto da cruz.
Mas, às dez da noite, não encontrei
Nenhuma igreja aberta,
Deus fechou-me todas as suas portas
E cerrou-me as suas mãos.
A sua ausência esplendia em pleno centro,
Rodeada pela escuridão atenta em anfiteatro.
Inexistindo mais alto,
Ateava-se a sua presença mais viva e mais forte.

Alle dieci di notte, cercai una chiesa aperta,
Non in cerca del regno dei cieli,
Ma per stare più vicino alla terra.
È allora che lì, alla luce dei ceri,
Tremolano i contorni del silenzio
E la passione è quasi palpabile
E sgocciola cristalli distillati
Nel calice del cuore,
In mezzo al movimento frusciante
Delle figure sulle vetrate,
Che sembrano appressarsi,
Mosse dalla curiosità.
Sussurri di preci come campi di grano
E il dolore è la figura materna
Accanto alla croce.
Ma alle dieci di notte, non troverò
Nessuna chiesa aperta,
Dio mi ha chiuso tutte le sue porte
E mi ha negato le sue mani.
La sua assenza risplendeva in pieno centro,
Circondata dall’oscurità disposta ad anfiteatro.
Dall’alto della sua inesistenza,
S’espandeva la sua presenza più viva e più forte.

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Vitrail George Rouault
Nostra Signora delle Grazie, Plateau d'Assy (1941)
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