Neste preciso tempo, neste preciso lugar


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Neste preciso tempo, neste preciso lugar
In questo preciso momento, in questo luogo


No princípio era o Verbo
(e os açúcares
e os aminoácidos).
Depois foi o que se sabe.
Agora estou debruçado
da varanda de um 3° andar
e todo o Passado
vem exactamente desaguar
neste preciso tempo, neste preciso lugar,
no meu preciso modo e no meu preciso estado!

Todavia em vez de metafísica
ou de biologia
dá-me para a mais inespecífica
forma de melancolia:
poesia nem por isso lírica
nem por isso provavelmente poesia.
Pois que faria eu com tanto Passado
senão passar-lhe ao lado,
deitando-lhe o enviesado
olhar da ironia?

Por onde vens, Passado,
pelo vivido ou pelo sonhado?
Que parte de ti me pertence,
a que se lembra ou a que esquece?
Lá em baixo, na rua, passa para sempre
gente indefinidamente presente,
entrando na minha vida
por uma porta de saída
que dá já para a memória.
Também eu (isto) não tenho história
senão a de uma ausência
entre indiferença e indiferença.

In principio era il Verbo
(e gli zuccheri
e gli amminoacidi).
Dopo andò come sappiamo.
Adesso sono affacciato
al balcone di un 3° piano
e tutto il Passato
viene esattamente a sfociare
in questo preciso momento, in questo preciso luogo,
alla mia precisa maniera e nel mio preciso stato!

Tuttavia invece che come metafisica
o come biologia
mi si manifesta sotto la più indefinita
forma di malinconia:
poesia non per questo lirica
né per questo probabilmente poesia.
Perché che me ne farei di tanto Passato
se non passargli a lato
gettandogli uno storto
sguardo d’ironia?

Da dove vieni, Passato,
dal vissuto o dal sognato?
Che parte di te m’appartiene,
di che si rammenta o di che si scorda?
Laggiù, per la via, passa per sempre
gente indefinitamente presente,
entrando nella mia vita
da una porta d’uscita
che ormai s’affaccia sulla memoria.
Neanch’io (costui) ho storia
se non quella d’una assenza
tra indifferenza e indifferenza.

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Georg Baselitz
Avignone addio (2017)
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