Olho as minhas mãos...


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Olho as minhas mãos...
Guardo le mie mani...


Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas
Porque são minhas. Mas é tão esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas anêmonas do fundo
 do mar…
Fechá-las, de repente,
Os dedos como pétalas carnívoras!
Só apanho, porém, com elas, esse alimento impalpável
 do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que vai secretando
 o pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo
Pertenço?
No mundo há pedras, baobás, panteras,
Águas cantarolantes, o vento ventando
E no alto as nuvens improvisando sem cessar,
Mas nada, disso tudo, diz: “existo”.
Porque apenas existem…
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no ar…
Nem na estrela do céu nem na estrela-do-mar
Foi este o fim da Criação!
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de tão velhos sonhos?
Quem faz em mim — esta interrogação?

Guardo le mie mani: non le trovo strane solo
Perché sono le mie. Ma è davvero curioso dispiegarle
Così, pian piano, come fanno quegli anemoni sui fondali
 marini…
Richiuderle, d’un tratto,
Con le dita simili a petali carnivori!
Però, con esse, io afferro solo quest’alimento impalpabile
 del tempo,
Che mi sostenta, e mi uccide, e che va secernendo
 il mio pensiero
Così come il ragno tesse la sua tela.
A che mondo
Appartengo?
Al mondo ci sono pietre, baobab, pantere,
Acque canterine, il vento che spira
E lassù le nuvole che senza sosta si trasformano,
Ma nulla, di tutto questo, dice: “esisto”.
Perché semplicemente esistono…
E frattanto,
Il tempo cagiona la morte, e la morte genera gli dei
E, colmi di speranza e di timore,
Celebriamo rituali, inventiamo
Formule magiche,
Componiamo
Poesie, misere poesie
Che il vento,
Scompiglia, confonde e disperde per aria…
Non nella stella del cielo né nella stella marina
Risiede il fine della Creazione!
Ma, allora,
Chi eternamente ordisce la trama di sogni tanto antichi?
Chi fa sorgere in me — questa domanda?

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Albrecht Dürer
Studio di mani (1506)
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