Poema da gare de Astapovo


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Poema da gare de Astapovo
Poesia della stazione di Astapovo


O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua...
Sentou-se ...e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Gloria,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E então a Morte,
Ao vê-lo tão sozinho aquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali a sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se até não morreu feliz: ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!

Il vecchio Leone Tolstoi fuggì di casa a ottant’anni
E andò a morire alla stazione di Astapovo!
Di certo si sedette su una vecchia panchina,
Una di quelle vecchie panchine lucide per l’uso
Che esistono in tutte le stazioncine povere del mondo
Contro una parete nuda…
Si sedette… e sorrise amaramente
Pensando che
Di tutta la sua vita
Non restava di suo che la Gloria,
Questo ridicolo sonaglio pieno di palline e nastrini
Colorati
Nelle mani sclerotizzate di un bacucco!
E allora la Morte,
Nel vederlo così solo a quell’ora
Nella stazione deserta,
Pensò che lui stesse lì in sua attesa,
Mentre s’era seduto appena per riposare un poco!
La morte arrivò sulla sua antica locomotiva
(Lei arriva sempre puntualmente all’ora ignota…)
Ma forse non pensò a nulla di tutto ciò, il grande Vecchio,
E chissà che non sia anche morto felice: lui era fuggito…
Lui era fuggito di casa…
Lui era fuggito di casa a ottant’anni d’età…
Non è da tutti realizzare i vecchi sogni d’infanzia!

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Leone Tolstoj, fotografato da
Sergej Michajlovič Prokudin-Gorsky (1908)
...

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